O tamanho do estrago de Cid para a campanha de Haddad
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
O tamanho do estrago de Cid para a campanha de Haddad
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O embate entre Cid Gomes (PT) e militantes petistas, na noite desta segunda-feira, 15, representa uma crise de proporções nacionais para a campanha de Fernando Haddad (PT). Desestabilizaria a candidatura, se ela tivesse estabilidade. Dificilmente haveria momento pior.
Veio simultaneamente à divulgação da pesquisa Ibope que mostrou que a diferença do petista para Jair Bolsonaro (PSL) é de 18 pontos percentuais, ainda maior que os 16 pontos apresentados pelo Datafolha na semana passada. A mobilização no Ceará seria estratégica para uma reação. O Estado foi o único no Brasil em que nem Bolsonaro nem Haddad venceu.
A presença de Cid deveria ser o mais importante gesto do palanque de Ciro Gomes (PDT) na direção de Haddad. Mas tornou-se, isso sim, a mosca na sopa da campanha petista. Talvez o grande momento da campanha de Bolsonaro neste segundo turno.
Cid foi para lá para cumprir o figurino desenhado pelo PDT: o apoio crítico. A forma como fez isso serviu aos adversários melhor do que qualquer coisa que a campanha de Bolsonaro tenha feito neste segundo turno.
Há de se respeitar, sempre, o eleitor e o voto. Campanha nenhuma se decide de véspera e ainda faltam 11 dias para a eleição. Pesquisa não substitui a votação. Portanto, não dá para dizer que Haddad perdeu a eleição. Não dá, todavia, para dizer outra coisa senão que está muito, muito difícil para o petista. Pelas pesquisas e pela conjuntura. Já estava assim antes da fala de Cid, mas piorou muito depois dela.
Se Bolsonaro for mesmo eleito, a história dessa campanha registrará protagonismo de Cid Gomes ao decretar a derrota ou, no mínimo, jogar a pá de cal.
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O desempenho de Haddad no Ceará
O Ceará foi o único estado do Nordeste onde Haddad não venceu. Nas três eleições anteriores, o PT venceu. Sem Ciro Gomes no segundo turno, a tendência seria o petista ser favorito no segundo turno. Porém, o avanço de Bolsonaro torna isso duvidoso. Agora, com o entrevero com Cid Gomes, a coisa se torna mais incerta ainda.
Será interessante observar como o eleitor cearense irá se posicionar neste segundo turno.
O pragmatismo de Cid
Há um cálculo pragmático na estratégia dos Ferreira Gomes, de algum tempo. Eles entendem que o desgaste do PT é muito grande - com razão. Por isso, há mais de ano Ciro mede bem o nível de aproximação com o partido. Fizeram isso antes da eleição e também depois. Por isso a tese do "apoio crítico". Por isso o discurso de apoio repleto de críticas.
Ciro e Cid devem ter observado o que ocorreu com Marina Silva (Rede). Em 2014, apoiou o candidato derrotado Aécio Neves (PSDB) e, nesta eleição, foi reduzida a nanica. Desgastada não só por isso, mas em grande parte por ter se atrelado a um dos políticos que mais se desgastaram nos últimos dois anos.
Menos por Haddad e mais pelo PT, Ciro claramente não quer se associar ao desgaste do PT.
O limite do inaceitável
O Exército do Chile mandou compulsoriamente para a reserva o coronel que permitiu homenagem a um genocida que cometeu crimes contra a humanidade durante a ditadura de Augusto Pinochet. Governa o Chile o conservador Sebastian Piñera.
Há questões que estão além da discussão direita-esquerda. Apoio a genocidas, a praticante de crime contra humanidade, é o mínimo civilizatório, do qual não se pode transigir. Não é algo que possa ser abrigado no cobertor das divergências ideológicas. Não pode, simplesmente, ser tolerado entre forças políticas eleitoralmente legitimadas.
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