A chuva que começou na madrugada do dia 24 de abril de 1997 deixou marcas que Fortaleza nunca antes tinha experimentado, tanto pela intensidade da precipitação quanto pela abrangência. A força das águas, acumuladas por todas as partes, fez vítimas. Um homem morreu arrastado pela correnteza. Outras três pessoas foram resgatadas pelos Bombeiros. Os relatos de inundações, desabamentos e desabrigados se espalharam pela Cidade e ficaram na memória.
[SAIBAMAIS]Há 20 anos, Fortaleza passou pelo que ficou conhecida, à época, como “a chuva do século”. Foram 13 horas de chuvas ininterruptas, somando 270 milímetros (mm). Para se ter noção da intensidade, em menos de um dia, choveu 79% do esperado para o mês de abril. As precipitações começaram na madrugada do dia 24, uma quinta-feira, e só terminaram à tarde. Antes do fim, a Cidade já havia se modificado.
Nas margens dos rios Maranguapinho e Cocó, os moradores já não podiam ficar em casa. A Comunidade do Lagamar e o bairro Aerolândia ficaram tão cobertos de água que nem o Corpo de Bombeiros podia ajudar os moradores. As regiões se isolaram.
Mudanças e desafios
Vinte anos depois daquele dia de enchente, a Cidade conseguiu melhorias em drenagem que poderiam ajudar para que os danos hoje fossem menos catastróficos do que os registrados à época. Os alagamentos nas regiões centrais, provavelmente, seriam menores. No entanto, as moradias em áreas de risco ainda são motivos de preocupação.
A professora Maria Elisa Zanella, do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Ceará (UFC), relembra eventos extremos de chuvas em 2004 e 2012, em que os danos não foram tão severos quanto os de 1997. Isso denota uma melhor infraestrutura. “Mas a população continua ocupando áreas de risco. São as mais atingidas”, explica.
A especialista diz que, nas últimas duas décadas, a situação dessas comunidades melhorou. Áreas do Maranguapinho, por exemplo, foram urbanizadas, a a condição socioeconômica de algumas família também melhorou. “Ainda assim, muitos permanecem porque não têm condição de ocupar outros espaços”, lembra.
Quanto à drenagem, o professor Osny Silva, da Engenharia Hidráulica e Ambiental da UFC, avalia que os investimentos na área garantiram uma melhoria no sistema. Agora, ele diz que deve-se ter atenção com as bacias dos rios. “É importante a preservação da área do Cocó, pro exemplo. Ela serve como amortecimento das cheias na bacia do rio”, explica.
Causa.
A chuva em Fortaleza foi ocasionada pelo sistema Complexo Convectivo de Mesoescala, que é caracterizado pela formação rápida de nuvens, causando chuvas intensas.
Identificação.
Em abril de 1997, a previsão do tempo da Funceme não identificou as chuvas. À época, o órgão informou que o dia teria “possibilidade de chuvas fracas e isoladas”. Isso porque a fundação ainda não tinha tecnologia suficiente para prever a formação desse sistema, de formação rápida. Hoje, os meteorologistas garantem que a formação pode ser identificada.
O POVO online
Jornalista Silvia Bessa lembra o dia de caos na Cidade em 24/4/1997 www.opovo.com.br