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Caso iraniano: ex-PM será julgado hoje no Tribunal do Júri
Cotidiano

Caso iraniano: ex-PM será julgado hoje no Tribunal do Júri

Faltando dois meses para sete anos do crime que vitimou o empresário Francélio da Silva, o ex-sargento Jean Charles vai a júri. Ele está preso desde 2010. O iraniano, que seria mentor do crime, está preso em unidade federal
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Sete anos após a morte de Francélio Holanda, o medo continua. Familiares do empresário, que pediram para não serem identificados, nem sequer assistirão ao julgamento do ex-PM Jean Charles da Silva Libório, acusado de envolvimento no crime que teria acontecido a mando do iraniano Farhad Marvizi, no dia 8 de julho de 2010. O julgamento ocorre hoje, a partir das 13h30min, no Fórum Clóvis Beviláquia, pela 2ª Vara do Tribunal do Júri.

 

Preso desde 2010, Charles permaneceu uma temporada recluso em unidade federal de segurança máxima, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Mas foi novamente transferido para o Ceará, onde permanece até hoje na Casa de Privação Provisória de Liberdade (CPPL) 2, em Itaitinga.


Segundo o promotor de Justiça responsável pelo caso, Ricardo Machado, Charles foi expulso da Polícia Militar em 2011 mediante processo disciplinar e responde a diversos processos criminais, alguns em andamento e outros arquivados.


Para o promotor, Charles era uma espécie de organizador das mortes que eram ordenadas pelo empresário iraniano Farhad Marvizi, que foi condenado a 20 anos de prisão pela tentativa de homicídio contra o auditor fiscal federal José de Jesus Ferreira, em dezembro de 2008.


Segundo Ricardo Machado, a motivação dos crimes teria relação com denúncias e fiscalização de fraudes que o iraniano praticava no comércio de eletroeletrônicos, esquema que incluía venda de material contrabandeado, com notas fiscais falsas. Já Francélio trabalhava de forma legal e se sentia prejudicado por não poder concorrer com os preços abaixo do mercado. Francélio começou, então, a passar informações para o auditor da receita federal, Jesus Ferreira. Ao descobrir, conta o promotor, o iraniano resolveu matá-lo.

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Ricardo Machado aponta ainda que o iraniano, assim como Charles, têm envolvimento em uma série de mortes relacionadas à concorrência pelo comércio de eletroeletrônicos.


Para Machado, a demora no julgamento se deve à escuta de mais de 50 testemunhas, com provas emprestadas da Polícia Federal, em decorrência de outros inquéritos. E também ao grande número de recursos.


Quando morreu, Francélio deixou uma filha de apenas dez meses. Em entrevista ao O POVO, um familiar conta que, naquele 8 de julho, Francélio buscava a bebê na casa da sogra quando foi atacado por uma dupla, na rua Padre Valdevino. Ele ainda foi socorrido, mas não resistiu. “No dia não acreditamos quando o delegado ligou, pensávamos que era trote”, desabafou.


Defesa

Segundo o responsável pela defesa de Charles, o advogado Delano Cruz, o ex-PM nega a autoria do crime desde o início do processo. “A defesa está voltada para negar. Ele vem dizendo desde o início que não tem participação”, ressalta. Conforme Cruz, a defesa trouxe “processos da Justiça Federal que demonstram que Charles não teve participação”. O advogado havia cogitado recorrer ao Tribunal da Justiça para Charles não ir a julgamento, mas desistiu. “Desistimos do recurso para levá-lo ao júri com a certeza que vamos absolvê-lo”, disse.

 

Cruz cita que o cliente foi absolvido das acusações de outras condutas e que está preso apenas pela prisão preventiva. “Se ele for absolvido, quem vai arcar com esses sete anos que ele permaneceu preso?”, indagou, acrescentando que a prisão por sete anos fere a dignidade e o princípio da duração razoável do processo.


Saiba mais


Operação da PF

O empresário iraniano Farhad Marvizi foi preso em agosto de 2010 durante a operação Canal Vermelho, da Polícia Federal. Ele foi acusado de mandar matar pelo menos 11 pessoas. As mortes, atribuídas ao iraniano, seriam executadas por pistoleiros contratados. Hoje, familiares de Francélio da Silva optaram por não assistir ao julgamento. Eles afirmam que temem pela própria segurança, mas reforçam que esperam por justiça.
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