Em exatos 123 dias, milhares de estudantes farão o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Momento que soma a decisão do futuro, a medição do que foi estudado, a concorrência. Dado o peso que ingressar em universidade representa, passar 24% destes dias curtindo as férias não é opção para muitos estudantes. O mês de julho, então, teve o perfil modificado. No lugar de 30, menos dias sem aulas. Sim, férias só com lazer hoje é sinônimo de “perda de tempo”.
Os professores se preparam, acham as melhores metodologias e as principais formas de entreter e atrair. Não há descanso, mas é preciso haver relaxamento. Os cursos de férias são quase uma obrigação para quem se prepara para o Enem. Além de uma concorrência mais acirrada, o conteúdo das provas exige um conhecimento mais amplo, adquirido só com mais tempo de dedicação.
“Se você parar 30 dias, voltar ao ritmo normal é mais difícil”, afirma Rebeka Ventura, 16, aluna do 3º ano do ensino médio. Para conseguir ser médica, profissão inspirada pela vontade de “fazer algo pelas pessoas”, ela estuda cerca de 12 horas por dia. Pelo segundo ano, ela vai fazer um curso no mês de julho. Repassar o conteúdo onde há mais dificuldade, dar enfoque em assuntos prioritários para a prova. “Normalmente se descansa nas férias, mas o objetivo faz esquecer o
cansaço”, destaca.
Como motivar
O POVO conversou com diversos educadores e perguntou como esticar o período das aulas neste julho sem que isso seja algo massivo para os estudantes. “Procuramos um local diferente da rotina. Nos intervalos, fazemos dinâmicas, games, música... e selecionamos os professores com carisma, para ter a afetividade envolvida”, conta a coordenadora do Pré-vestibular do colégio Christus, Cristina Alencar.
No Farias Brito, uma das formas encontradas foi levar dois professores para a mesma aula. O objetivo é gerar mais motivação. “Ter um professor de redação e outro de sociologia em uma mesma aula, por exemplo, discutindo temas e construindo uma redação sobre o que é debatido ali”, afirma o diretor de ensino da escola, Marcelo Pena.
A interação entre alunos, inclusive de outras escolas, é um dos diferenciais do curso de férias do Ari de Sá. “Isso gera um acolhimento e faz com que eles saibam que há outros alunos interessados em também estudar mais”, pondera o diretor do ensino médio, Marcos André.
Cuidado com a carga horária, com aulas em apenas um turno e troca de experiências são premissas do curso de férias no Colégio 7 de Setembro, que promove aulas junto a alunos de outras quatro escolas.
“Isso dá mais segurança. Um aluno ajuda o outro a resolver uma questão de forma diferente. Além da troca entre os próprios professores”, analisa o professor Jair Sampaio.
Pela rede pública, a Secretaria da Educação do Estado (Seduc) lança hoje o projeto Enem Não Tira Férias, na avenida Beira Mar. Na ocasião, 140 alunos farão passeio de veleiro pela orla de Fortaleza enquanto têm aula de redação.
O professor Fábio Frota, do curso Academia Enem, ofertado pela Prefeitura de Fortaleza, se diz um dos primeiros entusiastas da oferta de curso de férias preparatório para o Enem em Fortaleza. “Hoje, cerca de 70% dos alunos de terceiro ano se inscrevem no curso de férias. Eu aconselho que eles participem do curso, mas depois tirem uma folga. Pelo menos uma semana de descanso total para voltar em um ritmo mais forte”, opina.
Serviço
De hoje ao próximo dia 20, 100 escolas da rede estadual funcionarão como polos de atendimento para alunos do 3º ano. De terça a quinta, aulões serão dados através do projeto Enem Não Tira Férias, do Estado.
São mais de 50 mil vagas. Aluno precisa estar matriculado na rede estadual.
No Ginásio Paulo Sarasate, as aulas do Academia Enem continuarão nas férias. O curso acontecerá nos dias 15 e 16. A participação é gratuita.
Nas quatro escolas particulares ouvidas na reportagem (Ari de Sá, Farias Brito, 7 de Setembro e Christus), as aulas ocorrem nas duas primeiras semanas do mês. As escolas recebem alunos de outras instituições de ensino. As inscrições podem ser feitas apenas para uma ou mais áreas de inter esse.