[FOTO1] Documentos que declaram uma união estável inexistente têm garantido esquema de prostituição no Complexo Penitenciário de Itaitinga. Com a documentação, as mulheres conseguem concluir cadastro de visitante nas unidades para fazerem programas sexuais com detentos. Cada encontro custaria, em média, R$ 200. No esquema, as garotas que já têm a carteira de visitante aliciam outras para a atividade. A denúncia é feita por esposas de presos e por agentes penitenciários.
Um servidor que pediu para não ser identificado explica que não há como interferir na atividade, uma vez que as mulheres estão documentadas com a carteira de visitante. “Elas fazem de oito a dez programas por visita, cada um custando uma média de R$ 200. Normalmente, eles (detentos) pagam por meio de transferência de conta bancária ou algum parente faz o pagamento”, relata a fonte.
[SAIBAMAIS]Para entrar em qualquer unidade do Complexo Penitenciário, é necessário ser familiar ou cônjuge do preso. Por isso, as “giriquitas” — como são chamadas as mulheres que mantêm relações sexuais com os detentos em troca de dinheiro — registram uma falsa união estável com um detento. O interno com quem a mulher tem união estável passa a ter “o direito” de manter relações sexuais com a visitante toda vez que ela for à unidade.
Um agente penitenciário conta que presenciou uma mulher levando outra para o primeiro programa. A novata chegou a desistir na entrada da penitenciária, mas a outra a convenceu a entrar. “Isso foi pela manhã. Mas só a vi saindo às 4 horas da tarde. Imagina quantos homens ela atendeu durante esse tempo”, comentou o agente.
[QUOTE1]Esposas de detentos relatam indignação diante das “giriquitas” porque, na visão delas, os detentos que contratam são, em sua maioria, casados.
Contraprova
Procurada pelo O POVO, a titular da Sejus, Socorro França, afirmou não ter conhecimento do esquema, mas ressaltou que é um caso a ser investigado.
Saiba mais
Um vídeo de 2015 mostra um espancamento em frente ao Complexo Penitenciário de Itaitinga II (que abriga as CPPLs II, III e IV (onde são distribuídas as principais facções criminosas). Uma jovem de cabelos negros e vestido branco é cercada por mulheres, do lado de fora do Complexo. Ela é espancada e tem parte da roupa arrancada. Um policial militar aparece tentando conter a situação e a jovem é levada para a guarita. As imagens teriam sido feitas para servirem de aviso para outras garotas de programa.
Fonte ligada à Secretaria da Justiça e Cidadania (Sejus) explica que a giriquita costuma ficar em uma cela específica e lá recebe os clientes. Quando questionada pelas companheiras dos internos, elas afirmam que estão visitando parentes. “Uma vez, uma delas disse que visitava o irmão. E a esposa perguntou logo o motivo de tantos homens entrando na cela. Ela respondeu que ele tinha os “negócios” dele, relata.