Frente ao entulho acumulado na esquina das ruas Valparaíso e Verde Sete, no bairro Sítio São João, em Fortaleza, a principal inquietação do operador de betoneira Marcelino de Souza é saber por qual motivo em alguns bairros os monturos foram retirados, mas em outros não. A coleta de lixo em Fortaleza foi alterada após a onda de ataques no Estado, iniciada em 2 de janeiro. A incidência de atentados, porém, foi drasticamente reduzida desde a semana passada.
Quase todos os dias, Marcelino cruza pelo menos sete bairros no percurso de quase 12 km, desde o Conjunto Palmeiras, na Capital, onde reside, ao local de trabalho, no bairro Coaçu, no município de Eusébio (Região Metropolitana). Segundo ele, a coleta de resíduos onde mora está normalizada. No entanto, a situação é diferente por outros locais onde passa.
Na avenida Valparaíso, o amontoado de lixo prejudica o comércio. Com a chuva registrada ontem, provocou mais transtornos. Durante a manhã, na esquina com a rua B, o monturo e uma fossa estourada eram responsáveis pelo mau cheiro.
De acordo com Glebston Santos, proprietário de lava-jato próximo ao local, há duas semanas o lixo foi retirado por uma caçamba com a ajuda de um trator, ambos escoltados pela Polícia, mas voltou a acumular. "A coleta dos canteiros centrais está resolvida, mas o acumulado não", pontua.
Na Serrinha, a avenida Bernardo Manuel também acumula descarte. A ciclofaixa instalada na via tem lixo espalhado, dificultando a passagem pelo local. Quem segue com destino ao Aeroporto de Fortaleza encontra montes no entorno de árvores e postes.
O POVO também esteve nos bairros Santa Maria e Santa Fé, na Regional 6. Enquanto no primeiro um monturo toma praticamente a metade do quarteirão ao lado da escola Poeta Otacílio Colares; na comunidade do Santa Fé, o lixo se amontoa no cruzamento da avenida Dionísio Leonel Alencar com a rua Augusto Benevides.
Acúmulo de lixo também foi observado próximo à ponte sobre a barragem do Rio Cocó, na rua José Matias dos Santos, no Santa Fé.
Caso seja levado pela água da chuva, o impacto no ecossistema é preocupante, aponta Larissa Fortes, integrante do Instituto Verdeluz. "Tanto no rio quanto no mar, espécies animais podem ingerir ou ficar presas, como uma barreira; espécies vegetais também podem sofrer com os resíduos químicos provenientes da decomposição e da ação do clima nesses materiais".
O POVO solicitou entrevista com representante da Secretaria Municipal da Conservação e Serviços Públicos (SCSP), mas a pasta não disponibilizou até o fechamento desta matéria. Em nota, informou escoltas da Guarda Municipal e Polícia Militar para dar continuidade à coleta domiciliar e especial. A SCSP destacou que, por dia, 4 mil toneladas de resíduos são retirados das vias da Capital.
Como tornar o descarte de lixo menos impactante para o meio ambiente
> utilização de ecobags
> produtos com embalagens de papel/papelão,
> adoção de canudos, copos, garrafas, pratos e talheres não descartáveis ou biodegradáveis
> utilização de roupas de algodão
> bucha vegetal no lugar das comuns
> produtos de limpeza biodegradáveis