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Chefes do PCC são transferidos de São Paulo para presídios federais
Cotidiano

Chefes do PCC são transferidos de São Paulo para presídios federais

| Gegê e Paca | Cúpula da facção, que teria ordenado mortes dos comparsas no Ceará há um ano, foi retirada de penitenciária paulista
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Marcola, quando ainda era mantido preso no sistema penitenciário estadual de São Paulo, durante audiência no fórum de Presidente Prudente-SP (Foto: JORGE SANTOS/AE)
Foto: JORGE SANTOS/AE Marcola, quando ainda era mantido preso no sistema penitenciário estadual de São Paulo, durante audiência no fórum de Presidente Prudente-SP

A cúpula do Primeiro Comando da Capital (PCC), incluindo o chefe máximo da facção, Marcos Camacho, o Marcola, foi transferida ontem para presídios federais. O grupo de 22 pessoas era mantido na Penitenciária Estadual Maurício Henrique Guimarães Pereira (P2), unidade de segurança máxima localizada em Presidente Venceslau (SP).

A medida foi adotada quase 12 meses após as execuções dos traficantes Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, e Fabiano Alves de Sousa, o Paca, mortos em Aquiraz, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), no dia 15 de fevereiro do ano passado.

Os deslocamentos se deram como prevenção a uma possível tentativa de resgate, que incluiria o uso de aeronaves e um exército de mercenários, mas também em repressão ao ordenamento de ataques - tendo alguns deles sidos concretizados - contra agentes públicos e rivais. Foi desta forma, inclusive, que Gegê e Paca foram mortos.

Conforme O POVO publicou em 22 de agosto último, com base na denúncia apresentada pelo Ministério Público do Ceará (MPCE), acatada pela Justiça, a ordem para o assassinato da dupla partiu da cúpula da própria facção, que era mantida no presídio paulista. Até então considerados chefes do PCC, Gegê e Paca foram mortos em meio a uma disputa de poder.

Até hoje, dos dez denunciados pelas execuções, oito continuam foragidos, mesmo após terem os nomes incluídos na lista de procurados pela Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol). Eles teriam agido a mando de Wagner Ferreira da Silva, o Waguinho, executado em suposta queima de arquivo, em São Paulo, uma semana após os crimes.

Por sua vez, Waguinho recebeu ordens diretamente de Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho, um dos foragidos, apontado como executor das determinações de Marcola. A teia de acertos demonstrava que o isolamento em Presidente Venceslau não havia interrompido a comunicação entre a cúpula da facção e os chamados "sintonias finas", chefes setoriais.

A continuidade da articulação da facção, porém, foi evidenciada após a deflagração da operação Echelon, do Ministério Público de São Paulo (MPSP), que motivou pedidos de transferência de sete presos. Os detalhes da operação foram revelados pelo O POVO, em 13 de julho último. Entre os investigados à época e transferidos ontem, estava Célio Marcelo da Silva, o Bin Laden. Do interior da penitenciária, ele autorizou o envio de 15 pistolas a comparsas no Ceará.

A denúncia oferecida pelo MPSP também detalhava tentativa de manutenção da pacificação entre facções no Ceará, encabeçada pelo PCC em 2016. Naquele ano, o acordo entre as organizações criminosas no Estado teria sido tocado pessoalmente por Alejandro Juvenal Herbas Camacho Júnior, o Marcolinha ou Júnior da Mombaça, irmão de Marcola.

Capturado em Fortaleza em março de 2016, durante a operação Quinta Roda, da Polícia Federal, Marcolinha é outro que estava no presídio paulista e foi transferido ontem. Ele consta na lista de transferências solicitadas pelo MPSP após a Echelon. Já o pedido de deslocamento dos outros 15 presos se deu em 28 de novembro de 2018, "em caráter excepcional", após descoberta de plano de resgate do grupo, incluindo Marcola.

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