Mauricio de Sousa. Década após década, Mauricio de Sousa continua sendo aclamado por crianças, jovens e adultos que descobriram o prazer da leitura por meio das histórias da Turma da Mônica. Maurício traçou caminho entre as letras e as imagens para se tornar um ícone. De passagem por Sobral para participar de um evento literário, foi aclamado por públicos de várias idades. Na entrevista a seguir, fala sobre estratégias de crescimento internacional - seus criações chegaram a lugares tão distantes quanto Rússia e Japão -, da influência de suas personagens no processo de alfabetização dos brasileiros e dos filmes em live-action que seu estúdio está produzindo.
O POVO- Como o senhor avalia o papel de suas obras no desenvolvimento da leitura?
Mauricio - A coisa que mais considero como uma condecoração, minha medalha no peito, é a alfabetização que consegui com as minhas revistas.
A Turma da Mônica é uma cartilha informal. Alfabetiza Deus e todo mundo. Cada criança que pega uma revista não tem paciência de esperar que alguém leia. Se ninguém lê, ela vai garimpar sozinha o entendimento das palavras, das letras, das sílabas. Milhões e milhões de brasileiros foram alfabetizados pela Turma da Mônica.
OP - No próximo ano será filmado um longa-metragem em live-action da Turma da Mônica...
Mauricio - E o elenco já foi escolhido. A criançada é linda, maravilhosa. E, além disso, é nosso primeiro filme com atores. É um novo caminho que nós vamos trilhar. É uma sensação nova. Adoro que nossos estúdios estejam inventando coisa nova. Adoro pioneirismo. Dá trabalho. De vez em quando atravessamos períodos difíceis. Mas tem dado certo, ou eu não estava aqui falandoOP - Seu estúdio está, a cada dia, mais inserido no mercado internacional.
Mauricio - Tudo funcionou para dar o que deu, para dar um estúdio grande como o nosso, que faz material para o mundo inteiro. Hoje, a Mônica Toy (série de vídeos do YouTube com os personagens em versão bebê) vai atingir três bilhões de visualizações. Países onde eu nem entrava com a Mônica são campeões de visualizações. A Rússia, por exemplo, está em primeiro lugar. E também países em que eu nem sonhava em entrar: México, Japão, Coreia. O nosso material hoje é universal. Sai dos lugares e é bem recebido pelas crianças do mundo inteiro.OP - Há algum cuidado especial com as histórias e com os personagens nos outros países?
Mauricio - Quando pensei na área internacional, fiz uma pesquisa para ver quais os assuntos tabus. Assuntos que eu não devo mexer nas histórias que pretendo exportar... Nós temos essa listinha: ‘isso aqui é melhor não mexer, isso aqui é melhor não falar’. Nós temos os nossos padrões de segurança para circular pelo mundo sem problema nenhum. De vez em quando damos uma topadinha, mas nada muito grave (risos).O POVO - Qual a estratégia de vocês para driblar a crise econômica?
Mauricio - A estratégia é a gente administrar bem. A gente não gastar mais do que pode. Não entramos em coisas perigosas. E, ao mesmo tempo, sempre agimos com ética e honestidade na administração, no trabalho, nas ações. Tenho mais de 50 anos nessa atividade e nunca tivemos nenhum caso desonroso para a empresa.
Por Isabel Costa
Repórter do Vida&Arte