O paradeiro de Waleed Issa Khmayis, conforme O POVO apurou, não é totalmente incerto. Há indicações extraoficiais de que esteja fora do Brasil. Dois pedidos de revogação da prisão, apresentado por seus advogados, foram negados pelo Tribunal Regional Federal, da 3ª Região (TRF-3), em São Paulo.
[SAIBAMAIS]
O advogado Edêner Alexandre Breda atua na defesa do jordaniano em relação à operação Brabo. “Estamos estudando agora que medidas adotar. Entendemos que foi precipitada essa decretação e que não consta nos autos nenhuma participação de nosso cliente na empreitada criminosa que se anuncia. Mas respeitamos a decisão e vamos trabalhar no Tribunal para tentar reverter essa situação”, confirmou, por telefone, de São Paulo.
Antes da prisão por mais de meia tonelada de cocaína no Ceará, em julho de 1992, Waleed Issa Khmayis já havia sido citado em investigação por tráfico no Brasil. De outros 325 kg de cocaína, enviados daqui para a Itália, entre janeiro/março daquele ano. O dono da droga seria o mafioso italiano Rocco Morabito, conhecido como “rei da cocaína de Milão”.
Foragido por 23 anos, Morabito foi preso em setembro deste ano, em Montevidéu, no Uruguai, onde vivia há 13 como “empresário do ramo de soja”. Mesmo distante de sua terra, Morabito era um expoente da ‘Ndrangheta, a máfia da região da Calábria.
Em 1987, o mesmo Waleed foi acusado de um atentado na Itália, em Messina, onde morou, que resultou na morte de dois carabinieris (policiais locais). O país chegou a requisitar ao Brasil um processo de extradição de “Ciccio”, como o jordaniano é conhecido lá, por conta do episódio. Ainda em 2005, a Itália desistiu da extradição e o Supremo Tribunal Federal (STF) endossou o caso na Corte em Brasília como encerrado.
O jordaniano morou em Fortaleza, na avenida Beira Mar, quando precisou cumprir parte de sua condenação em regime semi-aberto e aberto. À época, sua defesa o descreveu como um investidor “de produtos nordestinos” (rapadura e carne de carneiro). Hoje ele mantém negócios no Interior paulista. (CR)