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A palavra hub já entrou no vocabulário do cearense. Ela tem sentido de integrar, conectar, ligar. Os mais famosos “hubs” são o aeroviário e o portuário, além do de tecnologia da informação e comunicação, que começa a
ganhar corpo.
Agora, o Estado pode despontar na formação de mais um centro, desta vez, voltado a empresas de tecnologia de ponta da área da saúde. Seus indutores são o Distrito de Inovação em Saúde Viva@Porangabussu, em Fortaleza, e o Polo Industrial e Tecnológico da Saúde (Pits), no Eusébio, Região Metropolitana.
Os impactos são múltiplos para a economia cearense: aumento da qualificação dos empregos, pesquisas e atração de companhias internacionais e investimentos. Porangabussu, o mais antigo, é um espaço aglutinador.
“O polo foi formado em cima de antiguidades de saúde. Hoje, são quatro hospitais e há um quinto em construção. Todos os cursos de área de saúde da UFC (Universidade Federal do Ceará) estão localizados em Porangabussu. E você tem toda uma demanda da população em cima da área que pode ser expandida”, observa Cláudio Frota, membro do Grupo de Trabalho Intersetorial da Saúde (GTIS).
Mais novo, no Eusébio, o Pits segue a linha da pesquisa, mas também avança na questão industrial. Atuará como um condomínio com diversas empresas, entre elas, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), na área de pesquisa e produção de vacinas; a Nuteral, especializada em biotecnologia de nutrição humana; a Point Suture, que desenvolve fios de sutura, e o Instituto Pasteur, também no segmento das pesquisas.
Há ainda, no local, um complexo hospitalar batizado de CityCor, com investimentos previstos em R$ 4,5 bilhões.
Apesar da envergadura do Pits, um fator determinante para Porangabussu é a participação no International Association of Science Parks and Areas of Innovation (Iasp).
“A área vai ser incorporada a 70 outros bairros do mundo. Vamos ter à disposição um pool de empresas que atuam nessas áreas com fundos de investimentos próprios. Isso será disponibilizado também para o Ceará”, informa o médico Carlos Roberto Martins (Cabeto), coordenador do Grupo de Implantação do Distrito de Inovação em Saúde.
As companhias internacionais cotadas para a poligonal são Google, IBM, Amazon, Philips e Siemens.
Contudo, para que sejam protagonistas na atração de players internacionais, os polos têm alguns atributos. O de Fortaleza trata da integração entre universidades e empresas. Isso facilita não somente a troca de experiências, mas também a formação de mão de obra especializada.
O de Eusébio mostra a tributação diferenciada para que as companhias estrangeiras ou nacionais aportem em solo cearense. Elas recebem abatimentos/isenções no Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), IPTU e ISS (tributos municipais). Por fim, a possibilidade de contratação de financiamentos via FNE Inovação (para Porangabussu), linha de crédito do Banco do Nordeste (BNB).
Não só a saúde será beneficiada com esse novo hub que se desenha no Ceará. Comércio, turismo, hotelaria e mercado imobiliário ganham com a nova dinâmica.
“A economia fica mais dinâmica, gerando mais inclusão social. Existem ações e tecnologias que podem ser desenvolvidas e usadas no próprio bairro. O Estado tem força para ser referência no cenário nacional com esse link internacional”, diz Cláudio Frota.
VIVA@PORANGABUSSU
GRANDE POTENCIAL
“Temos um grande potencial inexplorado da saúde enquanto atividade econômica. Há a necessidade de mudança do modelo de desenvolvimento do Estado do Ceará, que pouco explora atividades produtivas baseadas na produção de conhecimento, economia de alto valor agregado”, avalia Lia Parente, diretora técnica de Planejamento do Instituto de Planejamento de Fortaleza (Iplanfor).