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Capitalismo Consciente. Um olhar para além do lucro
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Capitalismo Consciente. Um olhar para além do lucro

| RESPONSABILIDADE | Empreendedores de Fortaleza estão descobrindo que é possível ganhar dinheiro e, ao mesmo tempo, não abrir mão do sonho de transformar o mundo em um lugar melhor
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Priscilla Veras, 36, é pedagoga e cientista política. A irmã, Déborah, 33 anos, veio do secretariado executivo em indústrias. Em 2016, as duas decidiram jogar tudo para o alto e montar o próprio negócio em razão de uma inquietação comum: por que era tão difícil e caro se alimentar de forma saudável em Fortaleza?
 

Para encontrar as respostas, foram conhecer de perto a realidade dos produtores de orgânicos no Interior cearense, estudaram, partiram para São Paulo em busca de capacitação com a equipe de Muhammad Yunus, criador do conceito de negócios sociais. Concluíram que que só conseguiriam inverter esta lógica se mudassem também as regras do jogo.
 

“Isso sempre incomodou a gente porque gostamos de nos alimentar de forma saudável, mas é muito mais caro que o convencional. E o que mais nos indigna é que a realidade do campo é muito dura, eles vivem em extrema pobreza, recebem muito pouco pelo alimento que produzem. Então, tem algo errado aí”, afirma Priscilla.
 

A equação não é simples. O lucro no fim do mês é fundamental, até para manter o futuro do negócio. Mas era preciso ir além: pagar o justo para que aquele produtor saia da pobreza, minimizar o impacto ao meio ambiente, e ainda oferecer um preço mais acessível ao consumidor final.
 

E foi assim, aprimorando técnicas de produção, capacitando produtores, eliminando a figura do atravessador, ajustando logística e distribuição que as meninas criaram a Muda meu Mundo, empresa especializada em produtos orgânicos.
 

Hoje, a empresa leva frutas e verduras orgânicas de mais de 48 famílias de agricultores rurais de oito municípios cearenses para feiras montadas aos finais de semana em Fortaleza. Neste ano, a meta é agregar à rede a produção de mais 40 mulheres que moram em assentamentos ou quilombos.
 

Na ponta do lápis, o negócio se mostrou rentável. Um produtor que vendia o coentro, antes por R$ 0,01 ao atravessador, por exemplo, passou a receber R$ 1 pelo produto comercializado. E o consumidor que hoje compra no supermercado este mesmo coentro orgânico, em média a R$ 2,50, passou a pagar R$ 2 por ele na feira.
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“Lucro é tudo o que gera retorno. Tanto financeiro para sustentabilidade do negócio, mas principalmente, no nosso caso, retorno de impactos sociais e ambientais, já que trabalhamos com desenvolvimento sustentável em toda a cadeia produtiva da alimentação livre”, diz Déborah.
 

Este olhar mais cidadão sobre o planeta Terra dos negócios é uma tendência que ganha força no mundo e tem nome: capitalismo consciente. Dentre seus representantes de peso, estão companhias como a Whole Foods Market, Starbucks, Amazon, Google, IBM.
 

No Brasil, existem diversas companhias que já estão nascendo neste formato, outras estão revendo processos a fim de se adaptar aos novos tempos, explica o cofundador e diretor geral do Instituto Capitalismo Consciente Brasil (ICCB), Hugo Bethlem. 


“O papel de uma empresa deve responder a três questões principais: por que existe, que diferença faz para o mundo, e para quem faria falta se deixasse de existir”, acrescenta.   

 

 

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