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Compostas de seis camadas com plásticos, papel-cartão e alumínio, as caixinhas do tipo “longa vida” oferecem praticidade ao cotidiano, mas – dependendo da conservação da embalagem ou do manuseio do produto após aberto – podem causar danos à saúde.
Transportando leite, achocolatados, leite condensado, sucos e conservas de milho, essas caixinhas, como explica a professora doutora chefe do Departamento de Engenharia de Alimentos (Deal) da Universidade Federal do Ceará (UFC), Lucicléia Barros, ajudam a aumentar o tempo útil desses produtos. As etapas para garantir a conservação dos alimentos incluem um processo térmico que elimina microrganismo e possibilita a inativação de enzimas promotoras de reações indesejáveis.
“(As camadas das embalagens) criam uma barreira que impede a entrada de luz, ar, água e microrganismos. A proteção contra a luz é fundamental, pois evita a destruição de importantes vitaminas dos alimentos (Vitamina C e B), principalmente no caso do leite e sucos.
Já o oxigênio poderia produzir nos alimentos uma reação chamada de oxidação, e causar uma redução das suas qualidades”, detalha a engenheira de alimentos.
No entanto, as vantagens podem ser postas em xeque se há danos a embalagem, ou se, durante o transporte, ela for submetida a altas temperaturas, e ainda se, depois de aberta, alguns cuidados não forem tomados. Por ter plástico e alumínio na sua composição, materiais que podem causar contaminações se ingeridos, as caixas não são totalmente seguras, é o que aponta o médico especialista em Nutrologia com abordagem integrativa Marcelo Maranhão.
“Se a embalagem está danificada, amassada de alguma maneira pode ter, sim, contaminação por alumínio. E aí vem os riscos de doenças autoimunes, intoxicação do sistema nervoso central, e um possível risco aumentado do desenvolvimento de demências, como o Alzheimer”, enumera.
O médico explica que, apesar de grave, a contaminação por alumínio não é a que mais preocupa em relação às embalagens. O que está em contato direto com o alimento são camadas plásticas que, se contiverem bisfenol A (BPA), trazem risco de desenvolvimento de cânceres. “A gente não tem uma legislação muito rígida quanto ao uso do BPA, a não ser em produtos indicados para crianças de 0 a 12 meses, que precisam ser livres, justamente porque essas crianças não têm organismo adaptado para metabolizar esse resíduo”, afirma.
Crianças a partir de uma ano e mesmo adultos, de acordo com o nutrólogo, também não conseguem metabolizar a substância em sua totalidade e por isso há riscos à saúde.
Por ser instável, o BPA pode ser liberado para o produto se for aquecido ou resfriado. “Fazer aqueles doces de leite a partir do leite condensado da caixinha, por exemplo, é um veneno”, ilustra. Guardar o alimento depois de aberto na geladeira dentro da caixinha também não é aconselhável. “O ideal é, depois de aberto, colocar o alimento em outro recipiente”.
Lucicléia Barros ainda alerta para o prazo de validade que diminui muito depois que a caixinha é violada.
PROTEJA-SE
Para diminuir as chances de que o alimento esteja em contato com o alumínio, a engenheira de alimentos Lucicléia Barros adverte que é preciso “sempre checar as caixas do fundo à tampa, evitando comprar produtos cujas embalagens estejam violadas, amassadas e ou rasgadas”. No caso do BPA, como as embalagens não têm escrito claramente se contêm a substância, o nutrólogo Marcelo Maranhão ensina a ler o código de reciclagem no invólucro. “Nas embalagens com código 3 e 7 há BPA”. Até mesmo nas latinhas de refrigerante, os riscos se repetem. As embalagens mais seguras, para o médico, são as de vidro. No caso dos lanche enviados à crianças nas escolas, o indicado é sempre optar por sucos e achocolatados feitos em casa e transportados em garrafas térmicas com cápsula de inox ou aço inoxidável.
MAIS CONTATOS
Cosméticos, esmaltes, alguns alimentos (como alguns chás), e utensílios domésticos (como panelas) também aumentam o contato maléfico com o alumínio.
A engenheira de alimentos Lucicléia Barros sugere o uso de panelas e utensílios de teflon, inox, vidro e cerâmica.
Além das caixinhas, o BPA pode estar presente em recipientes plásticos e é liberado quando exposto a variações de temperatura (esquentando ou esfriando), contaminando o conteúdo. O ideal, portanto, é conservar e aquecer os alimentos em recipientes de vidro.
CAMADAS
Caixas longa-vida têm seis camadas fetias, da parte externa para a interna, de polietileno, papel-cartão, polietileno, alumínio, polietileno e, mais uma vez, polietileno.