Terra vermelha desde 2002, quando Lula foi eleito presidente da República, a região Nordeste volta a ser alvo de disputa entre os presidenciáveis. O fato novo que impulsiona a guerra pelo voto dos nordestinos é a possibilidade de Lula ser retirado da disputa pelas questões judiciais.
Preso desde o dia 7 de abril deste ano, acusado de receber vantagem indevida de contratos entre empresas e o Governo Federal, o ex-presidente lidera com folga as pesquisas de intenção de voto. No Nordeste, conforme apontou o Ibope, no último dia 20 deste mês, a vantagem chega a indicar 51 pontos percentuais para o segundo colocado, Jair Bolsonaro (PSL).
[SAIBAMAIS]
Com a provável saída de Lula, caso a Justiça entenda que o caso dá enquadramento na Lei da Ficha Limpa, os eleitores órfãos terão que escolher outros nomes para comandar o País pelos próximos quatro anos. É visando a possibilidade judicial que candidatos têm intensificado a agenda pela região.
Na última quinta-feira, 23, o candidato geraldo Alckmin (PSDB), que tem apenas 2% das intenções de voto na região, visitou Pernambuco e falou em "salvar" o rio São Francisco. "É preciso salvar o rio. Faremos um grande projeto para revitalizar nascentes e tratar o esgoto de 115 municípios", disse o tucano no momento da visita.
Em entrevista ao O POVO, deputado federal Guilherme Coelho (PSDB-PE) argumentou que a campanha de 2018 será diferente da de 2006, quando o ex-governador disputou o Palácio do Planalto contra Lula. "Na última vez botaram na cabeça dele que era pra ele não visitar porque estava perdido. O voto do Nordeste não tem dono. O nordestino não vota com cabresto. O Alckim está certo ao vir", defendeu o parlamentar. A expectativa é que o candidato visite o Ceará no próximo dia 31.
A estratégia não é apenas tucana. Jair Bolsonaro (PSL), que tem 9% da preferência nordestina, deverá intensificar a agenda nos estados da região para conquistar esse eleitorado que poderá ficar órfão nas próximas semanas. De acordo com o articulador da candidatura no Ceará, Heitor Freire, o candidato deverá percorrer o interior cearense nas próximas semanas.
"Nós acreditamos que o nordestino é um povo conservador. Acreditamos nisso. Infelizmente, por desinformação, eles não conhecem verdadeiramente quem é Bolsonaro. Quando ele visita, desperta curiosidade. Jair Bolsonaro está muito bem no Ceará. Acredito que ele bate os 30%", projeta o dirigente.
A presidenciável Marina Silva (Rede) esteve nos estados do Ceará e Pernambuco na última semana. Uma das principais beneficiadas com a saída de Lula do cenário eleitoral, de acordo com as pesquisas, a ex-ministra tenta recuperar o recall de 2014 na região para manter o patamar positivo nos levantamentos.
O cearense Ciro Gomes (PDT) tem investido, nesse primeiro momento, na região Sul do País. Pela ligação dos últimos anos com o ex-presidente Lula, a coordenação pretende intensificar em setembro a campanha no Nordeste. A crença é que ela seria a principal beneficiada com a saída do petista.
Por outro lado, Fernando Haddad, vice na chapa de Lula, e encarado como plano B do PT, faz verdadeira maratona pelo Nordeste. O ex-prefeito de São Paulo busca colar imagem à do ex-presidente e, nos últimos dias, visitou Sergipe, Paraíba, Piauí, Bahia, Aracaju e Rio Grande do Norte. De acordo com o deputado José Guimarães (PT), o candidato vem ao Ceará ainda nesta semana.