O consumidor moderno tem muito mais ferramentas para vigiar as empresas. No caso da responsabilidade social, por exemplo, é possível rastrear modos de produção para saber se as companhias seguem a lei. O próprio Ministério da Economia disponibiliza uma "lista suja" com empresas envolvidas com trabalho escravo. É mais fácil fazer escolhas corretas com tantas
informações disponíveis.

O cliente de hoje também pode tornar pública sua insatisfação com facilidade, ser ouvido por seus pares e ferir profundamente uma marca. Ele ganhou voz que vai além do SAC (Serviço de Atendimento ao Consumidor). Plataformas como Reclame Aqui têm
ganhado relevância.

Já existem empresas com setores dedicados a atender consumidores diretamente nesse sites. O serviços também se estendem para as redes sociais e chats. Instagram, Twitter e Facebook são um suporte que vai do marketing ao pós-venda, com atendimento e resolução de casos. Empresas que têm mais habilidade nesses canais e criam bons vínculos saem na frente aos olhos desse consumidor cada vez mais exigente.

Diante de uma preocupação crescente com causas sociais, ambientais e até políticas, diversas marcas têm investido no chamado marketing de propósito. O conceito consiste em apoiar e promover uma causa nobre como a sustentabilidade, o fim de testes em animais, igualdade de gêneros, direitos de pessoas LGBT ou portadores de deficiência. É uma forma de buscar valores comuns, se aproximar dos clientes e promover positivamente a empresa. As indústrias de moda, beleza e bebidas são as que mais vêm apostando nesse tipo de estratégia.

"Essa compreensão é fundamental para que essas marcas continuem existindo e se comunicando com seus consumidores finais. O consumo consciente é um caminho sem volta. Quem não se adaptar e olhar para seu negócio, sua cadeia e seus processos, não sobreviverá. Os consumidores estão ditando as regras e suas opiniões ecoam em diversas frentes por meio das redes sociais", afirma Chiara Gadaleta, especialista em sustentabilidade.

No ativismo para ajudar as pessoas a repensar as formas de consumo, Chiara lançou a plataforma EcoEra, um site que reúne dicas sustentáveis e lista marcas que possuem boas práticas de produção. "Notamos que consumidores e marcas estão cada vez mais engajados e conscientes de sua responsabilidade. O Portal EcoEra atua como uma plataforma online que reúne conteúdo e serviços sustentáveis disponíveis no Brasil, funcionando como um guia para quem deseja desenvolver hábitos de consumo consciente e baixo impacto
ambiental", explica.

Bem antes da disseminação do consumo consciente, ainda em 1995, a Surya Brasil, multinacional de cosméticos apostou nesse transformação dos consumidores. Antes voltado a um público segmentado, a empresa tem crescido ainda mais, como outras
de perfil semelhante.

"Somos considerados líder no mercado de coloração semipermanente, principalmente porque produzimos cosméticos veganos, orgânicos e naturais focados em pessoas que procuram um produto diferenciado, com ingredientes selecionados e não quimicamente agressivos. Não vejo e nunca vi o veganismo como uma moda, e sim como uma evolução do ser humano", afirma a fundadora da marca, Clelia Angelon.

Atende aos padrões exigentes de forma criativa

O mercado de viagens e turismo passa por uma transformação. Com a facilidade de comprar passagens e reservar hoteis online e tanta informações em blogs, as agências precisam se reinventar. O empresário Geraldo Figueiroa se especializou em levar os clientes para lugares exclusivos e oferecer um experiência diferente. Além da curadoria, ele também inclui serviços como acompanhamento e consultoria de compras e negócios. "A minha maior preocupação é a satisfação do meu cliente enquanto viajante. Eu vendo a minha experiência, os meus conhecimentos, e me dedico 100% na qualidade daquilo que ofereço a eles. Os meus clientes confiam nas minhas indicações porque elas são fundamentadas nas minhas próprias experiências. Por exemplo, a escolha é deles, mas eu só indico os hotéis nos quais já me hospedei e gostei", afirma.

Portal EcoEra

https://www.portalecoera.com.br/

Rede Dots:

https://www.rededots.com.br/

Faz sozinha e compra direto da fonte

A professora de yoga Carolina Luvisotto incorpora bem o que os especialistas classificam como consumidor do futuro. Sempre buscando inspiração na Internet, ela conta que decorou o apartamento onde mora só com dicas do YouTube e fotos do Pinterest. Na hora de comprar, a origem dos produtos, material e como são feitos são prioridade. "Eu quase não compro nada por site de lojas, a menos que seja eletrodomésticos e eletrônicos. Compro por grupo de Facebook mesmo, direto de quem faz. Uso muito a Rededots. Qualquer outro tipo de serviço que não sejam básicos de internet, contrato ou compro direto da fonte ou eu mesma faço. Dou preferências para produtos veganos e naturais", explica. Carolina não é vegana, mas diz se importar com o bem-estar dos animais e a sustentabilidade
do meio ambiente.