O promotor de Justiça Guilherme de Lima Soares, membro da Procuradoria de Justiça dos Crimes contra a Administração Pública (Procap), do Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE), relata que o órgão desenvolveu programa de rastreamento de movimentações suspeitas similar ao utilizado por outros Ministérios Públicos e pelo Polícia Federal, um programa similar I2 Intelligence, patenteado e considerado caro.

A tecnologia permite realizar cruzamento de dados, analisar vínculos de investigados e acompanhar movimentações bancárias. Uma base de dados extensa, acrescenta o promotor, que permite visualizar propriedade de veículos e vínculos familiares, por exemplo. "Com um clique você tem um panorama geral de uma empresa ou de uma pessoa física", resume Soares. O salto em termos de qualidade e velocidade nas investigações foi significativo, assegura o promotor.

Apesar de todo o aparato tecnológico e de pessoal, a coordenadora da Procap, procuradora Vanja Fontenele, afirma que a fiscalização acaba se tornando " briga de gato e rato", ou seja, as condutas criminosas vão se aperfeiçoando ao passo que os órgãos fiscalizadores evoluem.

Questionada se além da tecnologia existem outros fatores que contribuíram para que mais esquemas fossem descortinados, Vanja Fontenele menciona a cultura anticorrupção que está em ascensão no País, além de uma equipe muito maior. Somam-se aos seis membros da Procap, ela inclusa, vários outros servidores do Ministério Público, que auxiliam nas apurações.