O Ministério Público Eleitoral do Ceará deve iniciar a investigação da ex-candidata a deputada estadual Gislani Maia, do PSL, amanhã. O procurador regional eleitoral, Anastácio Tahim, explica que o primeiro passo da análise será decidir se o processo será realizado de maneira conjunta com outras investigações semelhantes.
Disputando uma vaga na Assembleia Legislativa do Ceará, Gislani Maia recebeu R$ 150 mil do Fundo Eleitoral do PSL, sendo a única candidata mulher aa quem foram destinados recursos do partido.
Além dela, apenas Heitor Freire, eleito deputado federal, recebeu esse tipo de financiamento. Contudo, o valor de Freire foi de um terço do que recebeu Gislani: R$ 50 mil.
O depósito do valor pago à candidata ocorreu no dia 5 de outubro de 2018. No mesmo dia, consta o pagamento de R$ 143 mil a três gráficas diferentes.
Apenas em uma delas, a ex-candidata pagou pouco mais de R$ 103 mil para a produção de 4,5 milhões de santinhos, além de 20 mil adesivos para carros. A eencomenda foi realizada a 48 horas das eleições.
A abertura da investigação ocorreu após denúncia de reportagem do O Globo da última sexta-feira, 22. O procurador Anastácio Tahim afirmou que não há "nada ainda para comentar, (pois) a investigação está em um estágio inicial".
Responsável pela apuração da denúncia nessa fase, Tahim explicou que os primeiros passos do processo são verificar se há a possibilidade de investigação conjunta com outras denúncias.
"A primeira análise que vamos fazer é em relação a uma outra (investigação) que foi instaurada sobre o mesmo assunto, só que (de candidata) do Pros. Devemos analisar a conveniência da tramitação conjunta ou não", explica.
O processo ao qual o procurador se refere foi instaurado após denúncia do O POVO, no dia 12 de fevereiro, sobre a candidatura de Débora Ribeiro a deputada estadual. A ex-candidata recebeu R$ 274 mil da cota do Fundo Partidário do Pros e obteve 47 votos.
Tahim informou ainda que deve entrar em contato com a Procuradoria Regional Eleitoral de Minas Gerais.
"Há investigação semelhante em curso lá, inclusive contra o mesmo partido (PSL). Eu não sei se há outra (investigação) em alguma unidade da federação, mas eu me lembrei de imediato da de Minas e devo entrar em contato com o procurador lá também logo de início", afirma.
Procurado pela reportagem, o deputado Heitor Freire, presidente estadual do PSL, ressaltou que "a referida candidata foi votada em 94 municípios, obtendo mais de 3.500 votos e foi a 17ª candidata mais votada do Estado".
Além disso, ele caracterizou a denúncia como "irresponsável e leviana". Gislani Maia foi procurada pelo O POVO, mas não respondeu aos contatos.