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MÁRIO MAGALHÃES "A ditadura foi uma tragédia política"
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MÁRIO MAGALHÃES "A ditadura foi uma tragédia política"

|Biógrafo|
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Tipo Notícia

Autor da biografia Marighella, o guerrilheiro que incendiou o mundo (Cia das Letras), o jornalista e escritor carioca Mário Magalhães contesta dois fatos relacionados às comemorações do 31 de março de 1964 pelos militares.

A primeira ressalva, afirma, é quanto ao dia. "A data do golpe militar é 1º de abril. Até o início da tarde desse dia, o presidente João Goulart ainda despachava", conta o escritor.

A Presidência seria declarada vaga no dia 1º/4, quando Jango ainda se encontrava no Rio Grande do Sul e as tropas do general Olímpio Mourão Filho já marchavam em direção à capital federal. De Porto Alegre, o agora ex-presidente se refugiaria no Uruguai e depois na Argentina.

De acordo com Magalhães, a operação de mudança no calendário do dia 1º de abril para 31 de março foi realizada propositalmente, de modo a evitar chacotas que associassem o golpe militar ao Dia da Mentira.

Outro ponto sobre o qual o biógrafo faz uma correção é a tese segundo a qual o cargo de presidente já estava desocupado quando os militares assumiram o comando do País, mantendo-se no Planalto por 21 anos. "Dizer que o poder estava vago é uma mentira, porque o presidente continuava em território nacional", avalia.

O escritor diverge ainda de um terceiro tópico: o argumento de que o País estava sob a ameaça de um golpe comunista, suspeita que ele afasta justificando que Jango era um rico proprietário de terras que jamais poderia ser confundido com um revolucionário.

Apesar dessas discordâncias, Magalhães acrescenta ainda que "respeita intelectualmente quem defende o 31 de março", ainda que, para ele, a ditadura tenha sido "a maior tragédia política da história do Brasil".

Para o autor, entretanto, "uma coisa é eu discordar de quem defende o golpe, outra é lançar mão de falsificação histórica sobre um evento nefasto para a nação". Passados 55 anos desde aquele 31 de março, conclui o jornalista, "a verdade factual foi relativizada no Brasil de hoje". (Henrique Araújo)

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