Cerca de 25 casos de queimaduras causadas pelo contato com águas-vivas foram registrados na praia de Jericoacoara, localizada a 297,2 quilômetros de Fortaleza. As notificações foram realizadas pelo Corpo de Bombeiros Militar do Ceará (CBM) na última sexta-feira, 19.
De acordo com o professor do Instituto de Ciências do Mar (Labomar) da Universidade Federal do Ceará (UFC) Luiz Ernesto Bezerra, as ocorrências têm forte relação com o período de chuvas, época em que o aumento do nível dos rios leva mais nutrientes para o mar. "Isso influencia na reprodução mais rápida desses animais", comenta.
Outro fator são as correntes de vento, que alteram a força das águas e carregam os animais com mais facilidade. O pesquisador destaca que os casos de queimaduras não podem ser considerados ataques, uma vez que as águas-vivas não possuem o intuito de atacar banhistas.
"Na verdade, não se trata de ataques, são acidentes. Ao tocarem determinada superfície, elas soltam um mecanismo que dispara células urticantes cuja regeneração demora 48 horas. É um estímulo involuntário, o animal não tem ação sobre isso, uma vez que possui um sistema nervoso muito simples", explica.
A médica Rebeca Rocha, 28, foi uma das afetadas pelas queimaduras causadas pelo animal. Ela relata que estava tomando banho na praia de Jericoacoara, no mês de março, quando sentiu um ardor na região das pernas e do braço. "Eu senti, mas continuei tomando banho e não consegui visualizar a água-viva. Quando eu saí do mar, percebi as queimaduras e a região coçando", conta.
O CBM informa que tem intensificado as ações preventivas na região com o auxílio de viaturas de resgate. (Nut Pereira e Larissa Carvalho/Especial para O POVO).