Os jovens que adentram no mercado de trabalho mudaram. A geração Z não busca necessariamente altos salários, mas qualidade de vida. Não querem passar anos e anos na mesma empresa, mas sim experimentar a diversidade de possibilidades oferecidas em suas áreas de atuação. E as empresas? Estão preparadas para se adequar às novas visões de mundo desses jovens que já nasceram envoltos ao boom tecnológico que valoriza a criatividade e processos de inovação?
Bruno Leitão, professor da Faculdade CDL, afirma que muitas empresas ainda não acordaram para essas mudanças e continuam gerenciando colaboradores jovens como se estivessem no passado, impondo padrões burocráticos e de liderança autocrática. "As novas gerações não querem ser coadjuvantes, querem ser atores principais mesmo quando são lideradas", diz.
De acordo com o especialista em Marketing, esse comportamento é muito comum em empresas tradicionais, que executam uma gestão caracterizada pelo poder coercitivo, com regras rígidas relacionadas aos horários de entrada e saída, por exemplo. "Essa geração não recebe isso de forma positiva, pois quer estar comprometida com projetos em que tem oportunidade para criar e se envolver. Uma empresa opressora não vai ser bem vista pelos jovens atuais", analisa.
Bruno acredita que o grande desafio das empresas não se limita mais apenas a encontrar os perfis ideais para as vagas disponíveis, mas a estimular o poder criativo de uma geração que deseja se destacar. De acordo com ele, "a ditadura da carteira de trabalho acabou" e salário não é mais o único fator que enraíza o jovem nos ambientes corporativos. "Ele não quer exatamente trabalhar de bermuda ou ir de patinete para o trabalho. Ele deseja criar, sentir-se útil, parte do processo, e não ser uma mão mecânica que mexe no teclado e no mouse", avalia.
Outro ponto que deve estar no radar de atenção dos responsáveis pela gestão de pessoas é o conflito entre gerações. De acordo com Cláudio Moreira, supervisor do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), a nova geração, por estar mais aberta às divergências, pode colocar em prática comportamentos mais alinhados à aceitação de contradições. "O jovem entende que o diferente pode existir. Entender esse novo cenário é, também, aceitar as diferenças", reflete.
É importante frisar que a mudança de perfil não significa uma total abertura para os desejos da nova juventude. O equilíbrio deve ser buscado, conforme Cláudio, a partir de aberturas de ambos os lados. A empresa deve entender as características da geração Z e a moçada precisa se adequar às exigências do ambiente corporativo. "O jovem precisa compreender que, para estar inserido, deve se adaptar às regras e normas que nunca deixarão de existir. Já as empresas devem ser flexíveis, aceitar esses jovens que chegamcom uma carga de informação maior do que tínhamos antes", pondera.