Hoje dando expediente no Ministério Público de Juazeiro do Norte, o procurador Rafael Rayol atuou na força-tarefa da Lava Jato. Foi em 2015, convidado pelo então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para integrar a força-tarefa da Operação.
Rayol avalia que as conversas interceptadas pela fonte do site The Intercept não mostram nada de relevante. Diz, inclusive, que a relação entre as partes é rotineira e que o juiz "atende muitos mais advogados que promotores e procuradores".
O procurador afirma confiar na integridade de Dallagnol e dos demais membros da operação. Segundo ele, que destaca ter convivido com todos, os integrantes possuem grande capacidade técnica e "vêm atuando com outorga e dedicação pela operação."
Outro aspecto que destaca é que muitos deles não tiram férias há mais de três anos, em função dos trabalhos de investigação. "Os conteúdos mostram pouca coisa", afirma ele, que, solicitado, disse que preferia não entrar no mérito do que foi exposto sob alegação de que "eram colegas".
Professora de Direito, Juliana Diniz entende que há no cotidiano forense, de fato, interação entre as partes em corredores e gabinetes. Segundo ela, essas conversas privadas não apresentariam problemas para o processo caso se tornassem públicas.
"Se a conversa entre o juiz e o procurador é levada a público não vai gerar nenhum tipo de controvérsia, é uma conversa normal que, de fato, não deve gerar nenhum tipo de invalidade processual", diz. Do contrário, caso o teor necessite ocultação, denota que a situação fugiu à normalidade, o que a advogada avalia ter ocorrido no caso entre Sergio Moro e Dallagnol.
Também professor universitário, Jânio Pereira Cunha entende que se, em tese, a obtenção das conversas não for ilegal, os envolvidos poderiam responder por corrupção, corrupção consequente - quando se pratica algo para ser beneficiado futuramente, mencionando o fato de Moro ter aceito o convite para o cargo de Ministro da Justiça -, formação de quadrilha e prevaricação.
Já Deltan Dallagnol, segundo diz, estaria sujeito a punição do ponto de vista disciplinar. O Conselho Nacional do Ministério Público investigará ele e os demais membros citados na conversa.
Ex-membro e decano da operação, o procurador aposentado Carlos Fernando dos Santos Lima esteve em Fortaleza na última sexta-feira e deu palestra em evento interno na Associação Cearense do Ministério Público (ACMP).
Ele aparece nos conteúdos vazados mais recentes. O POVO tentava contato com o procurador pelas redes sociais desde a quinta-feira, quando o localizou no Ceará. Apesar das várias tentativas, ele não respondeu via redes sociais e a assessoria da ACMP, procurada, alegou que não poderia repassar o seu contato. Fez-se tentativas ainda junto aos Ministérios Públicos de São Paulo e Paraná, sem êxito.
Nas redes sociais, contudo, ele tem se manifestado intensamente sobre os diálogos expostos. Sobre as conversas veiculadas na última sexta-feira, usou o twitter para defini-las como "nova rodada de mentiras" do The Intercept. Sua avaliação é de que apareceu nas denúncias devido às críticas que tem feito ao trabalho do site.
Ainda pelas redes sociais, Carlos Fernando defendeu que jornalistas devem entregar os arquivos que receberam para a polícia. "A liberdade de imprensa não cobre qualquer participação de jornalistas no crime de violação de sigilo de comunicações", afirma em sua manifestação.