Julia Tolezano, a JoutJout do Youtube, foi a primeira convidada do projeto "Juv.Tube", da Rede Cuca. A iniciativa busca oferecer um canal de comunicação direto entre jovens da periferia e grandes comunicadores do País. O POVO acompanhou a atividade e conversou com Julia sobre a visita a Fortaleza, o início do JoutJout Prazer no Youtube dentre outros assuntos.
Dona de um canal com mais de 2 milhões de inscritos e autora do livro Tá Todo Mundo Mal, sucesso editorial em que divide experiências e o que aprendeu com elas, a jornalista esteve em Fortaleza na última quarta-feira, 19.
Durante os 60 minutos em que interagiu com cerca de 200 jovens, ela tratou e escutou sobre abuso sexual, tabus, além dos temas aleatórios sobre os quais ela retira reflexões, muitas vezes filosóficas sobre a vida. Esta, aliás, é a sua expertise, fazer da trivialidade pontos de reflexão profunda sobre assuntos como idealizações e expectativas sobre as pessoas com as quais nos relacionamos em vários níveis. Foi neste ímpeto e com o pensamentos sempre livres e abertos - sua marca - que ela esteve na Capital e atendeu cuidadosamente a todos os jovens que interagiram com ela no palco.
OP - Como é para você, um fenômeno da Internet, participar de debates ao vivo com jovens na periferia?
Jout Jout - Sempre que eu faço algum evento que envolve jovens que moram nas periferias daquela cidade x, é sempre um debate muito rico. As pessoas trazem coisas que eu nunca tinha pensado antes. É uma troca super legal. Eu não acho que é uma coisa do tipo "ah, eu vim aqui na periferia trazer a palavra". A palavra tá aqui, correndo solta, eu venho e só pego os respingos. Quero quebrar um pouco essa ideia de quem tem uma estrela aqui falando as verdades da vida. Tudo empírico. Cada um viveu um troço e cada um vai falar sobre o troço que viveu. E é meio que isso assim. Acho que se não for assim não tem sentido.
OP - Seu sucesso veio à tona após o vídeo "Não tira o batom vermelho", em que expôs situações presentes em relacionamentos abusivos. Por meio da sua fala, naquele trabalho, muitas meninas se sentiram encorajadas e isso gerou uma onda na web. Você ainda recebe relatos relacionados ao conteúdo
do vídeo?
Jout Jout - Até hoje tem gente terminando (relacionamentos). Na época que eu coloquei o vídeo rolou um "terminaço", nas semanas e meses seguintes rolou um "terminaço" no Brasil. Todo mundo terminando os seus namoros. Até hoje os namoros seguem terminando e as pessoas falam. Não tem época para relacionamento abusivo. Todo dia é dia de dar um basta. Tá todo mundo aí podendo cair num desses.
OP - Você disse num dos seus primeiros vídeos do canal no Youtube que criou aquele espaço para aprender a lidar com as críticas. Hoje, depois de cinco anos de Youtube, como você lida com elas e como reage às pessoas que distribuem ódio na rede?
Jout Jout - Isso não é um tema pra mim. Não sei o que aconteceu, se eu não dei bola e aí eles foram embora. No início a família Jout Jout dava bola, falava "ah, sai daqui hater", e as pessoas hoje não falam nada, não respondem, e fica só a Família Jout Jout falando coisas mais importantes do que "vaca feminista".