O tradicional desfile cívico-militar de 7 de Setembro movimentou centenas de pessoas nas principais ruas e avenidas da Praia de Iracema, em Fortaleza. Mulheres, homens e crianças assistiram, na manhã de ontem, à exibição dos hinos e marchas e das cores, armas, fardas e viaturas dos mais tradicionais grupos oficiais, como Corpo de Bombeiros e Polícia.
Para alguns, como a auxiliar de escritório Gerylane Medeiros, 55, foi momento de reanimar o amor à bandeira brasileira e o sentimento de pertencimento à nação. Para outros, como os amigos Jesmiel Henrique, 17, e Márcio Carvalho, 18, oportunidade para admirar profissões que ambicionam, como a dos agentes do Batalhão de Policiamento de Rondas Intensivas e Ostensivas (BPRAIO). Já para quem desfilou junto aos oficiais, chance de se sentir honrado.
Num percurso alterado devido às obras de requalificação da avenida Beira Mar, o cortejo em homenagem à Independência do Brasil saiu da avenida Pessoa Anta, passou pela avenida Historiador Raimundo Girão e terminou próximo à avenida Desembargador Moreira, onde havia um espaço elevado destinado apenas a autoridades. Lá, estavam figuras diretamente ligadas à segurança pública cearense, como o secretário da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS), André Costa, e o vice-prefeito de Fortaleza, Moroni Torgan.
Na Historiador Raimundo Girão, ladeando o desfile, o público entoava gritos de guerra, filmava, fotografava e sacudia no ar bandeiras e pequenos cataventos verde e amarelo. Ao final, quando a maioria dos presentes se dissipou e os bloqueios de trânsito começaram a ser desfeitos, permaneceram na avenida os que não se contentaram em registrar de longe o cortejo e quiseram cumprimentar os oficiais. Jesmiel e Márcio foram alguns desses. Quando conseguir realizar o "sonho" de entrar para o BPRAIO, Márcio diz que quer ser reconhecido e aplaudido da mesma forma que os policiais. "Por estar protegendo a população", alegou.
Orientação de trânsito
Aproximadamente 200 agentes e orientadores de trânsito fizeram o controle da circulação de veículos na região da Praia de Iracema durante o desfile.
Desfile
Cerca de nove mil militares, civis, colégios e associações estiveram presentes ao cortejo.
O sonho de desfilar como oficiais
Os amigos de escola Jesmiel Henrique, 17, e Márcio Carvalho, 18, têm o sonho de entrar para a equipe do Batalhão de Policiamento de Rondas Intensivas e Ostensivas (BPRAIO). Isso porque querem proteger a população no que diz respeito à segurança pública e, também, porque querem experimentar a adrenalina de pilotar as motos do batalhão. "Estamos terminando os estudos (do ensino médio) focando na carreira policial, estudando editais (de concursos)", garantiu Jesmiel.
Honra e prata
Thiago Cavalcante, 14, desfilou representando um grupo de airsoft paintball (esporte baseado em simulações militares de combate) que ele integra por incentivo do pai. Disse que já tinha participado antes do cortejo, enquanto estudante de uma escola da rede pública em Maracanaú, mas que, apesar disso, as experiências eram diferentes. "Me senti mais honrado, representado", garantiu. Para ele, que passou um mês e meio se preparando para o desfile cívico-militar, o 7 de Setembro significa "honra e prata".
Valorização da bandeira
Segurando com firmeza a bandeira do Brasil, Gerylane Medeiros, 55, auxiliar de escritório, contou que somente agora tem conseguido reaver o orgulho de ser brasileira. "O governo que entrou valorizou o Brasil, que era desprezado. Valorizou essa bandeira. Hoje, me sinto orgulhosa de pertencer ao Brasil, de ter uma pátria", alegou.
Bolsonaro posa com Moro em desfile
Após vários sinais de desprestígio ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, o presidente Jair Bolsonaro fez mais uma tentativa de mostrar publicamente proximidade com o ex-juiz da Lava Jato. Na primeira comemoração do 7 de Setembro como presidente e em um momento de queda de popularidade, Bolsonaro quebrou o protocolo e abandonou a tribuna de honra para desfilar a pé, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, ao lado de Moro.
No palanque, reforçaram o apoio ao presidente religiosos, como o líder da Igreja Universal do Reino de Deus e dono da Rede Record, Edir Macedo, e personalidades como o dono da rede de televisão SBT, Silvio Santos, e o proprietário da Havan, Luciano Hang.
A atitude de Bolsonaro foi interpretada por aliados como um "carinho" a Moro, que viu seu poder diminuir após o presidente cobrar publicamente mudanças no comando da Polícia Federal e dizer que era ele quem mandava na instituição. Na última quinta-feira, 5, Bolsonaro indicou para o cargo de procurador-geral da República Augusto Aras, que já apontou desvios a serem corrigidos na Lava Jato.
Bolsonaro deixou o desfile sem falar com a imprensa. Os ministros que estavam na tribuna também foram embora sem dar declarações — entre eles o próprio Sergio Moro, Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Onyx Lorenzoni (Casa Civil, que caminharam com Bolsonaro no asfalto. Todos ficaram até a última apresentação do desfile, fechado pela Esquadrilha da Fumaça.
O presidente deixou Brasília no início da noite de ontem rumo a São Paulo, onde ficará internado para correção da hérnia incisional, a quarta cirurgia a que se submete após ter sido esfaqueado há um ano em Juiz de Fora (MG), durante a campanha eleitoral. O procedimento, que está previsto para ocorrer hoje no Hospital Vila Nova Star, é considerado delicado, mas com boas expectativas de recuperação.
Segundo o médico que realizou cirurgias no presidente e que estará à frente da próxima, André Luiz de Vasconcellos Macedo, o procedimento que será realizado hoje é considerado simples e deve durar entre duas e três horas. (Agência Estado)