Eleição estadual do PT realizada ontem em Fortaleza confirmou reeleição de Antônio Filho, o Conin, para a presidência da sigla no Ceará. A vitória expressiva do petista, que recebeu 337 dos 354 votos (95%), mostrou força da tese liderada pelo deputado José Guimarães no partido, que defende diálogo do partido com o PDT e o governador Camilo Santana.
Além da reeleição de Conin, o evento reforçou união do partido em torno da defesa da liberdade do ex-presidente Lula (PT), bem como da intenção de que o partido tenha candidatura própria em todos os grandes municípios do Estado em 2020, incluindo Fortaleza.
Representante de uma ala que prega uma autocrítica e reavaliação da aliança com os irmãos Cid e Ciro Gomes (PDT), o presidente do PT Fortaleza, Deodato Ramalho, teve apenas 15 votos. "Minha candidatura foi para pelo menos ter oportunidade de fazer esse debate, apontar que essa aliança do pescoço com a guilhotina está destruindo o PT", diz Deodato.
"Aliança pressupõe um mínimo de respeito das partes que se aliam. Não é possível que a gente continue fingindo que não tem nada de grave acontecendo, quando pretensos aliados como Ciro Gomes estão todo dia dizendo que o PT é um partido de bandidos", continua.
Presidente eleito do PT Fortaleza que assume o cargo em janeiro, Guilherme Sampaio diz "respeitar" a tese, mas destaca que a atual conjuntura brasileira exige unidade maior do partido contra Jair Bolsonaro (PSL). "Tudo que a gente está enfrentando, esses retrocessos todos, dependem da conciliação de esforços para que o PT esteja no centro da resistência".
Líder da corrente majoritária do partido, Guimarães nega que a defesa de diálogo signifique uma "submissão" do partido aos Ferreira Gomes. "Tem formulação mais forte do que a que a gente tem hoje, de ter uma candidatura própria do PT em Fortaleza? Essa coisa de ficar polemizando, não vamos perder tempo com isso. A gente não diz, faz. ", afirma o petista. "O Deodato quer peitar o governador, mas o governador é do PT, não podemos aceitar isso", diz.
Guilherme Sampaio também reforça a tese: "A maior resposta que a gente pode dar a críticas do Ciro é tocar uma tática que coloque o PT em 1º lugar. Aqui em Fortaleza, isso é apresentar candidatura própria que se contraponha ao governo Roberto Cláudio", afirma.