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Uma alavanca para a economia regional
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Uma alavanca para a economia regional

O título pode trazer impactos econômicos e sociais que vão desde a abertura com o mercado externo ao interiorização da indústria local
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A chancela de "Cidade Criativa", concedida pela Unesco, mostra uma Fortaleza que se desenha sobre novas possibilidades de desenvolvimento socioeconômico. A visibilidade do título pode aproximar a Capital do mercado externo, atrair novos investimentos, multiplicar os negócios locais ligados à cultura e demais setores criativos, ampliar a interiorização e intensificar o design de responsabilidade social. Inúmeros benefícios, mas, também, desafios.

O projeto Fortaleza 2040 apontou que ainda há gargalos. Dentre eles, infraestrutura e modelos de negócios precários frente aos empreendimentos criativos. Segundo o secretário de desenvolvimento econômico do Município, Mosiah de Caldas Torgan, esses problemas têm sido enfrentados e ações estratégicas têm permitido avanços.

Ele acredita que a chancela incentivará empreendedores, abarcando segmentos de gastronomia e um mix de atividades. "Temos um esforço grande na Praia de Iracema para ser revivida, surgir novamente com aquele glamour de antigamente, mas não com as coisas de antes. O selo ajuda, inclusive, no turismo", diz.

Conforme Alexandre Pereira, titular da Secretaria do Turismo (Setfor), há projetos alinhados para diversificar a atividade turística. Dentre os novos, estão o Fortaleza amiga do turista - que será voltado para o turismo na terceira idade, com pacotes de hotéis, agências e outros. Além desse, uma agenda cultural de programação pública e privada, via aplicativo, e o Passaporte Fortaleza, que atuará com ações para visitantes.

A construção para atender aos critérios de "Cidade Criativa" ocorreu por meio de diversas ações multissetoriais, incluindo governo e academia. Dentre os planos previstos, está Distrito Criativo, que pretende criar um polo de negócios na Praia de Iracema e o Centro. O programa concederá incentivos fiscais para esses empreendedores que se instalarem nesse polo, com isenção do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU), Imposto sobre a transmissão de bens imóveis (ITBI) e 60% do imposto sobre serviços de qualquer natureza (ISS).

A lei ainda deve ser sancionada pelo prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (PDT), até o final deste ano. Somente após esse trâmite, o benefício entrará em vigor. De acordo com Davi Gomes, presidente do Instituto Iracema, já existe uma movimentação de atração desses negócios. Um total de 39 empresas abriram as portas no período de um ano e meio. Dentre elas, hotéis, lojas de roupas, ateliês e estabelecimentos gastronômicos.

"A chancela coloca a gente numa cidade com um patamar de Barcelona, Berlim, e ajuda na internacionalização e interiorização...Isso conecta a gente com bancos de fomentos, que podem ajuda a captar novos investimentos para projetos como um Centro de Referências do Design, por exemplo", avalia. "Permitirá, ainda, uma conexão com a indústria, como a gente conectar um trabalho de um designer ao polo moveleiro em Marco (nordeste do Ceará), que exporta móveis para o Brasil todo, mas ainda não tem um traço mais rebuscado", exemplifica.

Anna Lúcia dos Santos Vieira e Silva (Lilu), professora do Departamento de Arquitetura, Urbanismo e Design da Universidade Federal do Ceará (UFC), aponta que, além do reconhecimento da área, será possível criar novos projetos voltados para o design social para chegar até pessoas em situação de vulnerabilidade econômica.

Diogo Robaina, professor Doutor em Computação e pesquisador da ESPM Rio, um dos elaboradores do Índice de Desenvolvimento do Potencial da Economia Criativa (IDPEC), acrescenta a necessidade de adequação mercadológica. "Temos um mundo em constante transformação...A indústria criativa vai trazer novas empresas para o cenário, para pessoas, empresas, e diversas áreas como cinema, música", explana. "O impacto maior (dessa indústria) é a empregabilidade, com a substituição pela automação, a gente não olha para a cultura, arte.

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