Nenhum presidente brasileiro dedicou tanto tempo e energia às redes sociais quanto Jair Bolsonaro. Cientista político da Universidade Federal do Ceará (UFC), Cleyton Monte avalia que esse fenômeno tem explicação simples.
O capitão reformado usa as ferramentas digitais (redes de texto e vídeo) para "manter um terço do eleitorado e se apresentar, se mostrar, dizer o que está sendo feito, além de atacar a oposição".
Estão aí seus dois principais objetivos, defende Monte: apresentar uma plataforma ideológica, mobilizando aliados, e desferir suas críticas aos adversários, que podem ser inclusive os mais próximos.
"Ao longo deste ano, o presidente usou mais as redes para retaliar e responder do que para divulgar ações", declara o pesquisador. Veja-se o caso do ex-ministro Gustavo Bebianno, aliado de primeira hora que caiu em desgraça e virou presa dos grupos bolsonaristas antes de finalmente perder a cabeça.
Para Monte, a conduta do presidente é reflexo de uma lacuna. "Como não existe espaço partidário para Bolsonaro, e como os espaços tradicionais não estão disponíveis, ele está seguro de que tem um público", interpreta. "É alguém consciente de que tem um poder de mobilização muito grande."