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Árvores, pisca-piscas e fantasia de Papai Noel para o pet
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Árvores, pisca-piscas e fantasia de Papai Noel para o pet

|NATAL| Na reta final das compras do Natal, ruas do Centro se abarrotam de produtos tradicionais e de novidades que marcam este período do ano
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Regina Garcia vende capa de 
Papai Noel para pets (Foto: Bábara Moira)
Foto: Bábara Moira Regina Garcia vende capa de Papai Noel para pets

A dez dias do Natal, o Centro de Fortaleza divide suas ruas mais apetrechadas entre artigos para a festa e roupas brancas do Réveillon, árvores de plástico e pisca-piscas de LED no formato de bastão, guirlandas para portas e fantasias de Papai Noel para os bichinhos de estimação, que todos já se habituaram a chamar de "pet".

Inclusive Regina Garcia, 49. Vendedora de loja na rua Guilherme Rocha há dez meses, ela costumava despachar apenas transportes para cães e gatos, coleirinhas estilizadas e brinquedos para aliviar o estresse do seu "pet", como bolinhas e ossos em formato de pelúcia e outras quinquilharias. "Mas, de uns tempos pra cá", avisa Regina, "o que está saindo mesmo é a capa".

E então aponta no canto três ou quatro fileiras de roupas penduradas, todas reluzentes e bonitas. Nas cores vermelha e preta, vestem cachorro e gato de todos os tamanhos, garante a comerciante, que apanha um modelo - um "doguinho" em miniatura trajado a caráter, como uma rena "noelina". Os preços variam de R$ 30 a R$ 50, e cabem no bolso de quem pretenda incluir no orçamento esses agregados.

Na mesma Guilherme Rocha, porém, o item número 1 nas compras de Natal continua o mesmo dos anos anteriores: o pisca-pisca. Agora mais sofisticados, serpenteiam nas fachadas das lojas e nos quiosques, adereçando os toldos e as árvores montadas nas ruas. "Quase tudo nas mãos dos coreanos", como informa aos sussurros uma vendedora cujo nome preferiu manter no mesmo baú em que guarda os segredos do Papai Noel.

Segundo ela, se Natal é sinônimo de enfeite e enfeite eletrônico normalmente "é chinês ou coreano", ali no Centro não se compra uma estrela de Belém sem passar por eles. Alertado, O POVO foi tirar essa dúvida. De fato, a cada três ou quatro lojas/boxes onde os pisca-piscas estão a venda, 90% é controlado por homens ou mulheres coreanos.

Ou seja, o Natal do cearense depende dos produtos importados cuja venda hoje é viabilizada por essa mão de obra silenciosa. Nos comércios, é comum vê-los sobraçando pedaços de árvores de Natal, num rito de montagem que requer habilidades especiais, como sabe qualquer pai ou mãe que já tentou montar esse artefato.

Mas nem sempre foi assim. Antigamente, Natal só dependia mesmo do Papai Noel. Anderson Hipólito, 32, é dessa época. Segurança há oito anos, o profissional carrega uma baita responsabilidade sobre os ombros: garantir a integridade física do Papai Noel da Praça do Ferreira.

Das 7 horas da manhã às 19 horas, Anderson "pastora" - é esse o verbo - a casinha onde o bom velhinho bate o ponto a partir das 16h, recebendo crianças e jovens adultos em fila indiana a perder de vista. Nada naquele pedaço de chão na praça acontece sem sua supervisão. Nada escapa a seu olhar.

E, no entanto, Anderson foi fisgado pelo espírito natalino. De tanto sentar-se na cadeira do Papai Noel nesse intervalo em que o Noel ainda não chegou, passou a ser confundido com ele. "As crianças chegam, me veem aqui e pedem uma foto. Eu explico que não sou o Papai Noel, nem tenho roupa nem idade, mas elas insistem", conta o rapaz antes de atender a uma mãe solicitando permissão para que a filha se pusesse à cadeira.

Do Noel, contudo, o segurança guarda uma semelhança evidente: a silhueta corpulenta que o aparenta ao personagem, quase sempre interpretado por homens na faixa dos 40 anos aos 60 e com barbas grisalhas, todos com algum sobrepeso.

"A empresa que contrata o Papai Noel daqui fez contato comigo, quis saber se eu toparia me vestir como o personagem. Eu disse que, neste ano, não posso, mas no ano que vem, sim", relatou o segurança, que, no Natal de 2020, pode trocar de lugar com o velhinho da praça.

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