No mercado de venda de porta em porta, desde a de produtos domésticos para o lar até enciclopédias, o desenvolvimento tecnológico foi responsável pela grande revolução na forma como o negócio se posiciona. Mas a grande preocupação é a proliferação de esquemas de pirâmides, que são anunciados como modelos supostamente parecidos com o de vendas diretas.
A Associação Brasileira de Empresas de Vendas Diretas (ABEVD) chegou a lançar campanha contra pirâmides financeiras. Entre 2014 e 2019, o número de denúncias cresceu em quase dez vezes, lesando milhares de pessoas.
O doutor em Administração de Empresas, coordenador acadêmico do MBA de Gestão Comercial e Vendas da Escola de Negócios IAG da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC Rio), Jorge Duro, ressalta que a comercialização de produtos via relacionamento virtual é uma evolução do porta em porta. Ainda ressalta que existem três tipos de vendas: a tradicional venda direta, a de marketing multinível e a ilegal pirâmide financeira.
A mais tradicional é a amplamente difundida a partir da rede de contatos da vendedora. Já as duas seguintes têm metodologias parecidas, mas a pirâmide sempre prejudica participantes. Na multinível, um vendedor tenta vender produto ou serviço para outro em troca de comissão, e há emissão de notas fiscais, pagamento de impostos.
Na pirâmide financeira, quem está na base paga uma comissão para a pessoa que está no topo, e essa remuneração se torna a principal fonte de lucro. A venda do produto - que deveria ser o foco - passa a figurar em segundo plano. A presidente da ABEVD, Adriana Colloca, afirma que a associação trabalha com contrainformação para combater a disseminação das pirâmides.
Para evitar entrar em enrascadas, o coordenador acadêmico do MBA da PUC Rio aconselha sempre desconfiar de modelos de negócios que oferecem retornos exorbitantes, mesmo em curtos períodos de trabalho. Outro ponto é confiar em empresas já consolidadas, que ofereçam ainda treinamento para vendas.