O jornal norte-americano The New York Times do dia 6 de agosto de 1975 trazia em sua primeira página o solene obituário de Hercule Poirot, como se o detective da criação de Agatha Christie tivesse realmente existido para além dos romances investigativos.

Junto ao artigo foi também publicado um retrato de Hercule Poirot, pintado em 1923 pelo britânico W. Smithson Broadhead para a revista inglesa The Sketch. A publicação inusitada do The New York Times marcou a única vez em que um personagem ficcional foi mencionado em um obituário de um jornal de grande circulação, reconhecendo o prestígio da escritora inglesa com seu famoso personagem. Curiosamente, o livro em que Christie encerra a carreira do detetive belga com o último caso investigado por ele - Cai o Pano (1945) - só foi lançado dois meses depois, em outubro. O enredo de Cai o Pano inicia com Poirot acometido por uma doença que o deixa incapacitado pela artrite e movimentando-se numa cadeira de rodas. Sua morte encerra a trama como numa espécie de despedida dupla - de Hercule e Agatha, que faleceu poucos meses depois, em janeiro de 1976.