A vovó mais feliz do Brasil. É assim que Dirce Ferreira, 72, define-se em sua página no Instagram (@donadirceferreira), que tem 151 mil seguidores (ou seguinetos, como ela carinhosamente chama). Nas imagens, o sorriso é largo, a dança é farta, as fotografias e os vídeos são leves. E cheios de ensinamentos. "Feliz dia das mulheres pra você que PODE E DEVE ser quem você quiser!", escreveu dona Dirce em legenda de foto na rede social. A vovó influencer vive em Uberlândia (MG) e quebra padrões sobre o que se pensava sobre a terceira idade. De cabelos grisalhos, Dirce posta fotos de biquini, de shorts e até com o bumbum de fora. Ela é um corpo real, que dialoga com pessoas reais, mostrando que as setentonas também podem ser o que elas quiserem.
O POVO - Sua popularidade nas redes sociais teve início de uma forma bem descompromissada. A senhora imaginou que alcançaria tantos seguidores?
Dona Dirce Ferreira - Jamais, querida! Nunca imaginei que seria desse jeito! Eu sempre ficava mexendo aqui no meu quintal, nas minhas plantinhas, nas minhas orquídeas, nos meus pés de laranja e de manga, mas quando eu fiz essas fotos, o negócio foi só estourando! Quando chegou nos 10 mil, 15 mil (seguidores), eu já estava felicíssima da vida! E já estava muito surpresa... Quando chegou nos 100 mil, que loucura! Aí é televisão, é viagem de avião pra tudo quanto é lugar... Menina, cê precisa ver! Um glamour que dá gosto! Mas tá tudo bem, tá tudo tranquilo, meus "seguinetos" são lindos e maravilhosos, e eu procuro responder de 200 a 300, todo dia!
OP - A senhora sempre teve ideias 'à frente do seu tempo'?
Dona Dirce - Sim. Faço foto, gravo vídeo e tal, as minhas danças que os blogueiros me apoiam, né... Mas eu aproveito essa oportunidade para falar para o pessoal da terceira idade que eles devem fazer exercício, têm que sair do sofá, fazer caminhada, ter cuidado com a alimentação... Eu sempre fui, assim, empoderada! Agora, situações embaraçosas não deixam de acontecer, né? Há pouco tempo, acho que quando eu fiz minha última foto nua, houve uma pessoa que disse assim: "Velha, fazendo foto pelada, por que é que não tá em casa, cuidando de neto?". Sim... Eu criei duas filhas, criei três netos, mas criei mesmo, sabe... É uma coisa que me deixa chateada, mas isso é o de menos porque eu acho que as outras pessoas entendem muito melhor. Porque elas se libertam, elas ficam mais à vontade, procuram viver felizes, mostrar o corpo que têm... Então, pra mim, é muito bom. E, se eu tivesse que fazer tudo outra vez, eu faria!
OP - Em vídeo, a senhora disse que nasceu "em uma época muito triste pra ser mulher". Qual a mensagem que a senhora daria para aquelas mulheres que ainda se sentem reprimidas diante do mundo?
Dona Dirce - Parece que eu nasci na época errada, já tinha a mente mais evoluída, eu sempre procurei pensar pra frente. Minha mãe me empurrava muito, ela falava assim: "Você tem que conhecer o mundo! Você tem que aprender com o mundo!". E desse jeito eu vim fazendo, procurando evoluir ao máximo, incentivando as minhas filhas. Então, depois de cinco anos de casada, eu não quis me casar novamente. Hoje até eu tenho um namoradinho, você precisa ver! Mas antes, não... Agora: sou leonina acima de tudo, né! Então, homem me mandar? Coitado! Eu nunca aceitei. Eu sou livre, independente, faço o que eu quero e falo para as mulheres: ACORDA! Acorda, que o mundo é nosso! Vamos fazer as coisas, mas tudo com responsabilidade, tudo com carinho, para o bem da família, mas ninguém tem que ser submisso a ninguém.