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Fragilidade temos todos
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Fragilidade temos todos

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Fortaleza em 10 de abril de 2020, O medico Alexandre Alcantara. Foto de arquivo pessoal. (Foto Arquivo Pessoal) DOM 12.04 (Foto: Arquivo Pessoal)
Foto: Arquivo Pessoal Fortaleza em 10 de abril de 2020, O medico Alexandre Alcantara. Foto de arquivo pessoal. (Foto Arquivo Pessoal) DOM 12.04

A proliferação do novo coronavírus amedronta o mundo todo. Não há classe social, profissão ou gênero que seja menos afetado pela tensão em saber que pode ser uma das vítimas. Alexandre Alcantara, 46, médico e professor de universidade, foi diagnosticado com Covid-19 sendo, possivelmente, um dos primeiros casos positivos no Ceará.

Os sintomas apareceram no dia 14 de março. "De manhã estava ótimo. Ao meio-dia me senti fraco e depois veio uma febre repentina", explica. O mal-estar o acompanhou seis dias consecutivos. Até então, a suspeita era de dengue, virose gripal ou H1N1. Foi quando Alexandre notou um sintoma peculiar, a falta de olfato.

"Não passava pela minha cabeça que fosse coronavírus. Fiz vários testes, até que, naquele momento, com as informações que tínhamos, achei a falta de olfato estranha. Havia conversado com amigos médicos que acompanhavam casos fora do Brasil, que me disseram ser esse um sintoma bastante relatado por pacientes. Quando acordei no sexto dia com o café sem cheiro e sem gosto, a ficha foi caindo", explica.

Alexandre passou 12 dias de cama. Dentre os sintomas mais comuns: febre, dores no corpo e falta de olfato. O único que ele não veio a sentir foi falta de ar.

Até que as suspeitas surgissem, Alexandre teve contato com a família grande parte do tempo. A mulher Ana Maria, 42, e os filhos Marina, 14, e Miguel, 9, dias depois, foram afetados com sintomas leves.

"É um misto de sentimentos, porque existe um dever que a medicina ensina, no meu caso, que é estudado, e tem a visão de fragilidade. A gente não tem treinamento para isso", explica.

Alexandre vem de uma família na qual a medicina é pauta constante. A mãe, pneumologista, o irmão e o sobrinho envolvidos na medicina de família. Neste momento, ele percebe o cenário se reinventando. "Minha mãe começou a atender pelo WhattsApp, por exemplo. Os pacientes dela são, a maioria, idosos. Eles não podem se arriscar", comenta.

O médico busca agora mais proteção no lar e na convivência com quem divide a moradia. "A gente está mais junto, dividimos as tarefas de casa, passamos mais tempo conversando. Precisamos olhar também por esse lado, pra conseguir superar de uma forma melhor tudo o que está acontecendo." (Bárbara Bezerra)

 

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