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Hora de refletir e desacelerar
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Hora de refletir e desacelerar

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Pereira é também o secretario de Turismo na gestão do prefeito José Sarto (Foto - BARBARA MOURA/ O POVO)  (Foto: BARBARA MOIRA)
Foto: BARBARA MOIRA Pereira é também o secretario de Turismo na gestão do prefeito José Sarto (Foto - BARBARA MOURA/ O POVO)

Uma tosse seca repentina e, nos dias seguintes, a lista de sintomas crescia gradualmente: febre alta, "moleza no corpo", dor de cabeça constante, diarreia. Quando o secretário de Turismo de Fortaleza, Alexandre Pereira, 54, suspeitou ter contraído o novo coronavírus, o número de casos confirmados de Covid-19 no Ceará ainda era 20. Além dele, outros gestores públicos municipais tiveram a doença, como o prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (PDT), e o secretário do governo, Samuel Dias.

Depois disso, Alexandre Pereira começou então a refazer os caminhos para identificar as chances de infecção. Uma viagem à Itália há dois meses — epicentro da pandemia —, reunião com um político que também foi infectado e outros encontros em meio à rotina intensa. Diante das circunstâncias, entrou em contato com a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa).

"Estive reunido com o deputado estadual Júlio César Filho (Cidadania) e, quatro dias depois, ele confirmou que estava doente. Passei 14 dias sozinho numa casa em Guaramiranga", conta.

Neste período, o secretário foi tratado com medicações prescritas pelo médico infectologista Ronald Pedrosa, além de acompanhamento via internet e telefone. "No décimo dia, recebi alta. Mas esperei completar o décimo quarto e voltei dirigindo para casa", relata, acrescentando que está curado há pouco mais de uma semana.

Alexandre Pereira não foi testado para confirmar a doença, mas fez exames recentes para atestar a cura virológica. Em razão do alto potencial de transmissão da Covid-19, quando ele começou a fazer a quarentena, já era tarde para evitar o contágio da esposa, do filho e da nora.

Não foi uma experiência traumática, embora preocupante. O quadro leve e o tratamento rápido permitiram tranquilidade para enfrentar o vírus. Para além das recuperação, física, ele relata um despertar sobre as vivências humanas.

"Foi um momento de reflexão. Tudo isso me ajudou a parar, adiar reuniões inadiáveis que sequer terão novas datas para acontecer", analisa. Para ele, o importante é saber que isso vai passar.

"Nada está acontecendo por acaso. De alguma forma, as pessoas se tornarão melhores quando isso acabar, menos envolvidas com redes sociais, desaceleradas da dinâmica da vida moderna", diz. (Bruna Damasceno)

 

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