O hospital de campanha instalado no Estádio Presidente Vargas (PV), no bairro Benfica, começou a funcionar desde a noite de ontem, 18, com 51 leitos exclusivos para atender pacientes com o novo coronavírus, vindos sobretudo das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) espalhadas pela Capital. O compromisso da administração municipal é de até sexta-feira desta semana disponibilizar mais 153 leitos.
De um total de 204 quartos hospitalares, 10 serão de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) já de partida. A estrutura para o atendimento intensivo já está pronta e será disponibilizada exclusivamente para demanda interna, ou seja, para os pacientes que registrarem piora no quadro clínico já sob os cuidados do hospital improvisado.
A estrutura hospitalar emergencial ainda crescerá dentro do campo de futebol. Antes, o desenho inicial apontava para 204 leitos, com possibilidade de aumento de mais 132 somente em caso de escalada do número de infectados. O que seria uma eventualidade agora é definitivo, de acordo com o que o prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (PDT), anunciou em coletiva. Ele informou que a entrega da expansão final acontecerá entre a primeira e a segunda semana de maio. Serão 336 leitos ao todo, portanto.
O titular da Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa-CE), o cardiologista Cabeto, já havia feito previsão drástica para maio em diálogo reservado com membros do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará. Com base em números da própria pasta, ele projetou a possibilidade de um horizonte de 250 mortes ao dia somente em Fortaleza.
A intenção da Prefeitura de Fortaleza é de que o hospital de campanha seja para tratamento de quadros moderados. De acordo com a estratégia alinhada entre Governo Estadual e Prefeitura, os dois centros de referência no combate ao vírus são o Hospital Leonardo da Vinci e o Instituto Dr. José Frota (IJF) 2.
O IJF 2, por sinal, ampliou o número de UTIs. De 30, passou ontem para 40, e totalizará 50 nesta segunda-feira. Até o dia 30 de abril, de acordo com o prefeito, mais 44 unidades serão entregues ali. Com isso, serão 94 leitos de UTI na unidade hospitalar. Apesar da guerra mundial pela compra de respiradores, a meta é atingir 175 UTIs até 30 de maio.
Mesmo que no aspecto da expansão o foco esteja nos dois centros, a secretária Municipal de Saúde Joana Angélica Paiva Maciel frisou que todos os leitos do PV têm possibilidade de serem convertidos para um modelo de terapia intensiva. "Têm instalação elétrica, hidráulica e de gases medicinais para serem transformados em UTIs caso a gente venha a necessitar", destacou.
Diante de questionamento do presidente da Câmara Municipal, Antônio Henrique (PDT), RC garantiu que não haverá qualquer contato entre profissionais de saúde e trabalhadores envolvidos no término das obras do hospital de campanha.
O governador do Ceará, Camilo Santana (PT), anunciou também na tarde de ontem expansão de Unidades de Terapaia Intensiva (UTIs) no Leonardo Da Vinci, no bairro Aldeota. O hospital saltou de 30 para 59 UTIs. A meta, segundo Camilo, é atingir 130 UTIs no hospital até o final de abril. A unidade hospitalar foi contratada pelo Abolição para atuar exclusivamente no combate ao vírus.
"Já montamos 261 novas UTIs nas últimas semanas, além de todas já existentes no nosso sistema, para atender a população. A maior dificuldade é da compra de respiradores, pela alta demanda no mundo inteiro e a falta desse aparelho. Mas continuamos cada vez mais firmes nessa luta", ele escreveu nas redes sociais.
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Entrega de unidades
Entenda como serão entregues os leitos do hospital de campanha no PV:
Leitos disponíveis hoje
51
Disponíveis a partir de segunda-feira, 20
102
Até sexta-feira, 24
204
Ampliação
Número de leitos chegará a 336 até a primeira quinzena de maio.
Fonte: Prefeitura de Fortaleza
Coletiva
A Secretaria Municipal de Saúde destacou que protocolos de prevenção seriam adotados para proteger profissionais de imprensa na ocasião de apresentação das primeiras instalações do hospital no PV. Não foi o que ocorreu. Repórteres e fotógrafos tiveram de atuar juntos, sem organização que garantisse distância mínima. Somente um pano com álcool em gel era passado no microfone a cada novo repórter que perguntava. Indagado sobre isso por O POVO, o prefeito não soube responder.
Samuel
O prefeito Roberto Cláudio creditou a conclusão da primeira ala do hospital de campanha ao secretário de Governo, Samuel Dias. Ele é cotado como possível candidato à sucessão de RC pelo PDT