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Assistente social Talita de Lemos: Aliados no cuidar do outro para além do físico
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Assistente social Talita de Lemos: Aliados no cuidar do outro para além do físico

Edição Impressa
Tipo Notícia
Talita de Lemos, projeto Alta Celebrada HSJ (Foto: Acervo pessoal)
Foto: Acervo pessoal Talita de Lemos, projeto Alta Celebrada HSJ

Angústia e esperança estão mescladas enquanto a assistente social Talita de Lemos, 40, paramenta-se com avental, luvas e viseira - além das usuais máscara e touca - para entrar nas unidades de emergência do Hospital São José. Com a Covid-19, as rotinas do lugar e de seus profissionais se transformaram - do batom, brinco e aliança não mais usados às visitas de familiares que precisaram ser restringidas. "São muitas coisas que parecem pequenas, mas dizem muito desse momento", define Talita.

Há mais de 40 dias, a presença de acompanhantes e as visitas diárias das famílias foram interrompidas. "Isso gera sofrimento e por isso pensamos em tecnologias leves que possam dar conta das demandas de cada paciente, entendendo que o cuidado se dá para além do biológico", explica. Foi assim que surgiu, durante uma roda de conversa, o projeto de acolhimento multiprofissional. Enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos, terapeutas ocupacionais, farmacêuticos, nutricionistas e fisioterapeutas são mais do que nunca "um grande elo entre a família, o paciente e as equipes assistenciais".

Talita é preceptora de Serviço Social da Residência Multiprofissional e coordena, pessoalmente ou por mensagens, ligações diárias, ações nas comunidades, orientações sobre benefícios e todos os cuidados do lado subjetivo dos pacientes e seus familiares. Entre todas as iniciativas, ela destaca a Alta Celebrada, "uma festa respeitando as histórias de cada um". Enquanto uma família vai até o serviço social avisar que está buscando um paciente de alta e ele se prepara para sair, os residentes multidisciplinares articulam todo o hospital. Algumas mensagens impressas, algumas palavras ou músicas de conforto e aplausos ladeiam a esperada volta para casa.

Sustentados por uma ética do cuidado, os gestos trazem leveza e humanização para a pandemia. "É impressionante como essa alta celebrada tem repercussão positiva em todo mundo. Ela é um alento que dá sentido de esperança", afirma. Para as famílias, a felicidade está estampadas nos rostos em ter de volta seu paciente e nos vídeos gravados. Para cada um que trabalha, passa dores, chora e se frustra, o momento "faz tudo valer a pena". Para os pacientes que ficam é o sentimento de ser possível acreditar e enfrentar o momento.

"É lindo ver a dedicação de cada um na linha de frente. Ao mesmo tempo em que estou angustiada com tudo, sinto muito orgulho da minha profissão e desafiada a criar estratégias para garantir direitos", conta.

 

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