Epicentro da pandemia de Covid-19 no Ceará, Fortaleza está prestes a iniciar a fase de transição para a retomada das atividades econômicas e comportamentais, elaborada pelo Governo estadual. Embora ainda em lockdown, a manhã de ontem, 30, ensolarada e quente, em muito se pareceu com os fins de semana anteriores à chegada do Sars-CoV-2. A diferença ficou por conta do uso de máscaras faciais, embora o equipamento de proteção individual não estivesse presente em todos os rostos.
Na Praia de Iracema, cerca de 30 pessoas praticavam exercícios, se refrescavam no mar ou aproveitavam para tomar água de coco em família. No píer da Barra do Ceará e na Vila do Mar, com barracas fechadas e apenas metade dos boxes de venda de peixes abertos, a movimentação era menor. Ainda assim, algumas pessoas caminhavam e grupos se reuniam para conversar e fazer redes de pesca. No mar, era possível avistar pescadores e surfistas.
Saindo dali, a avenida Doutor Theberge - que corta os bairros Pirambu e Cristo Redentor - tinha fluxo intenso. Comércios abertos e trânsito de caminhões de entrega, veículos particulares, motos e bicicletas mostram que algumas áreas da Cidade nunca pararam nos últimos dois meses. Pela necessidade de buscar renda ou pela ausência de informação clara e fiscalização próxima, bairros com menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) estão entre os focos do novo coronavírus.
Informe semanal da Covid-19 elaborado pela Secretaria Municipal da Saúde (SMS) e divulgado na sexta-feira, 29, indica que "a grande maioria das mortes ocorreu entre moradores de bairros de baixo e muito baixo IDH". As Regionais II e VI concentram o maior número de pessoas infectados pelo vírus, com 4.416 e 3.579 casos confirmados respectivamente. Já os óbitos estão principalmente na Regional V (469 mortes) e na Regional I (425).
Em outras avenidas da Cidade, como a Coronel Matos Dourado, Coronel Carvalho, Eduardo Girão e Padre Antônio Tomás, poucos pedestres podiam ser vistos. Quem estava na rua, esperava nas filas de casas lotéricas ou praticava caminhada. Já os veículos eram mais numerosos, embora menos presentes que durante a semana. Segundo informações da Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC) a média de redução de fluxo veicular tem se mantido em torno de 50%. "Antes do isolamento social rígido essa queda era somente de 35%. Na última sexta-feira, a redução foi de 51,8%", informa a pasta.
Na última quinta-feira, 28, o Governo do Estado lançou o plano de retomada econômica durante o período de pandemia da Covid-19. No dia seguinte, a Capital atingiu a menor taxa de isolamento social de maio: apenas 43,6% dos fortalezenses ficaram em casa. O número é também o menor registrado desde o início das medidas de isolamento determinadas pelo Estado, no dia 19 de março. Os dados são do Índice de Isolamento Social desenvolvido pela empresa de tecnologia In Loco.
De acordo com a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), entre o dia 7 de maio e às 8 horas de ontem, 30, os órgãos de segurança, trânsito e fiscalização atenderam 3.300 ocorrências em Fortaleza. Foram 2.231 chamados por aglomeração de pessoas, 884 referentes a comércios abertos e 185 por descumprimento de proteção individual. Também nesse período, 309.914 veículos foram abordados nas barreiras fixas montadas nas entradas e saídas de Fortaleza e em blitze móveis.
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