É a percepção do racismo estrutural, que perpassa um conjunto de práticas institucionais, que traz a possibilidade de políticas públicas eficazes de redução das desigualdades raciais. Para os especialistas ouvidos pelo O POVO, elas não só são necessárias como são também o caminho para a sociedade que se pretende democrática.
"Precisamos de igualdade de oportunidades e de ponto de partida. É fundamental que todos tenham oportunidade de estudar, de trabalhar, e isso se faz com políticas públicas inclusivas e universalizantes, políticas afirmativas", explica André Costa, conselheiro federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Em relação à violência policial, que atinge principalmente as comunidades mais pobres onde vivem pretos e pardos brasileiros, Silvia Ramos, coordenadora da Rede de Observatórios da Violência reforça que é preciso maior trabalho de inteligência, estratégia de segurança pública e combate do crescimento das milícias, no caso do Rio.
Para Nelson Ramos, professor da Universidade de Brasília (UNB) os recentes protestos após a brutalidade da morte de George Floyd trazem um novo momento de reflexão sobre o racismo no mundo. "Mesmo com a pandemia, a gente está tendo a oportunidade de parar a refletir sobre essa sociedade em que as pessoas negras são mortas e não existe comoção. Que ser humano sou eu que me comovo com a morte de uma pessoa branca e não me comovo com a morte de uma pessoa negra? Isso o que é importante", afirma.