A comparação entre o contexto político estadunidense e o brasileiro é inevitável. Bolsonaro não escondeu sua admiração pela figura de Trump. Para além disso, age de forma similar e frequentemente é acusado de "imitar" o modus operandi do líder mais ao norte, com discursos inflamados e que atacam a imprensa, opositores e ferem minorias.

A Fundação Cultural Palmares, instituição pública voltada para a "promoção e preservação dos valores culturais, históricos, sociais e econômicos decorrentes da influência negra na formação da sociedade brasileira", como se autodescreve em sua apresentação, recentemente viu o atual presidente, Sérgio Camargo (homem negro), afirmar que o movimento negro é uma "escória maldita", em ocasião que comentava furto de seu celular corporativo.

O bolsonarismo, enquanto movimento, resume as lutas de algumas minorias no Brasil ao coitadismo ou 'mimimi'. Para o professor Cleyton Monte, da Universidade Federal do Ceará (UFC), "o que ele (Sérgio Camargo) quer, ao meu ver, é se cacifar junto ao presidente. Parece que há uma disputa entre assessores, secretários e ministros de quem é o mais leal, o mais bolsonarista raiz, o que mais abraçou a agenda", avalia.

O especialista destaca que o movimento negro não pode ser resumido a um dualismo político. "É um movimento de luta pela igualdade, de luta por direitos constitucionais", afirma, revelando espanto com a "permissividade que instituições têm demonstrado ao aceitarem que figuras como Sérgio sigam no comando de espaços tão importantes", conclui. (Vitor Magalhães)