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História de dois palhaços: amor e alegria em meio ao caos
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História de dois palhaços: amor e alegria em meio ao caos

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A Companhia Laguz Circo e Teatro Itinerante leva música, amor e alegria em forma de serenatas - Dois Dedos de Prosa (Foto: Diogo Andrade / Divulgação)
Foto: Diogo Andrade / Divulgação A Companhia Laguz Circo e Teatro Itinerante leva música, amor e alegria em forma de serenatas - Dois Dedos de Prosa

A bordo de uma kombi que também "usa" máscara de proteção, a palhaça Burbuja e o palhaço Suspiro levam sorrisos, música e fantasia a uma cidade sitiada pela pandemia. Quando chegam à casa da pessoa para quem a serenata foi dedicada, não tocam a campainha, já se anunciam com notas tocadas no acordeon. Aos poucos, a vizinhança passa a fazer parte do show, encantada com o rodopiar dos malabares, a cantoria e a poesia recitada sob bolhas de sabão.

Felipe Abreu e Romina Sanchez, a dupla de artistas (e enamorados) têm a alma andarilha. Ele saiu do bairro Messejana e ela, da Patagônia, na Argentina. Os caminhos se encontraram na Escola Nacional de Circo, no Rio de Janeiro. Criaram a Companhia Laguz Circo e Teatro Itinerante (@laguzcirco) em 2013 e cruzaram o País em um Fusca, se apresentando nas cidades em uma jornada que levou oito meses.

Afixados em Fortaleza, os palhaços se dividem agora entre o virtual e o presencial para continuar a trabalhar com o que mais gostam e não perder a energia do contato com o público, ainda que os sorrisos estejam ocultos, sob máscaras.

O POVO - Como surgiu a ideia das serenatas feitas por palhaços?

Felipe Abreu - A gente tinha o costume de se apresentar em ruas, escolas e espaços culturais, inclusive de forma itinerante, em vários lugares do Brasil e da Argentina, mas no momento atual, tivemos que nos reinventar e agora trabalhamos em casa, buscando os poucos editais de arte para o formato digital, e ministrando oficinas por videoconferência. Só que veio forte a saudade das pessoas, a vontade de encontrar o público, aí a gente começou a vender o kit dedoches (fantoches de dedo), com chaveirinho, carta e link de um espetáculo na íntegra pra pessoa ver em casa. A gente só entregava e pronto, mas depois a Romina deu a ideia de irmos vestidos de palhaços, tomando todas as medidas de segurança. Ela toca acordeon e eu, buzinas. Virou uma serenata da alegria.

OP - Vocês devem ter se deparado com alguma história emocionante, imagino.

Felipe - Ah, sim. Teve um pai que estava há 100 dias sem ver a filha, porque ele está na linha de frente na luta contra a Covid, distribuindo alimentos para os moradores de rua. Ela fez 15 anos e nós cantamos e lemos para a moça uma carta muito bonita que o pai escreveu, falando de amor e saudade. Foi quando a gente percebeu a magnitude do que estávamos fazendo e de como as pessoas sentem falta do contato. A maior parte do entretenimento na quarentena está sendo digital, mas ver um palhaço e uma palhaça, ouvir o som de um instrumento ao vivo, ver acrobacias com malabares, bolinhas de sabão...isso impacta muito as pessoas, e não só da casa, mas da vizinhança.

OP - Quais os espetáculos da trupe?

Felipe - Antes da pandemia, tínhamos quatro, mas fizemos adaptações em alguns agora. O "Pedra no Sapato", cujos personagens estão no kit de dedoches e tem no link, fala do incômodo que uma faxineira do teatro e um artista sentem um pelo outro. "Suspiros e Burbujas" é um número de rua. "Solos de Mim" homenageia personagens da cultura argentina e "Cotidiano Nordestino", do Nordeste.

 

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