O epidemiologista, professor da Universidade de Fortaleza (Unifor) e coordenador da Célula de Vigilância Epidemiológica da Secretaria da Saúde de Fortaleza (SMS), Antônio Lima Neto — conhecido como Tanta — , é um dos principais nomes do combate à Covid-19 na Capital. Inúmeras vezes, ocupa as páginas deste periódico para falar sobre a situação dramática da pandemia.
Hoje, no entanto, a pauta é outra, e a palavra ficará com seus filhos Antonio Marques Lima, 14, e Álvaro Marques Lima, 7. Durante videoconferência para esta entrevista, o caçula preferiu brincar, mas, logo depois, enviou um recado breve pela mãe Ana Cesaltina, 41. "O que eu mais gosto de fazer com o meu pai é ir à praia, para tomar muito banho de mar e fazer castelos de areia", disse. O passeio predileto de Álvaro precisou ser suspenso. Todavia, recentemente, pai e filho puderam sentir novamente o gosto do mar.
Já Antonio lembra que os lapsos de tempo encontrados na rotina pré-pandemia cessaram. Sem o trajeto compartilhado para as aulas de inglês e basquete, agora as conversas ocorrem durante o café da manhã e jantar.
"É bem corrido. Vejo que ele chega cansado e quer relaxar, porém, ainda precisa usar o computador. No entanto, é algo inspirador o que o meu pai está fazendo, não só por mim e minha família, mas por toda a sociedade", observa. "Antes da pandemia, já o considerava um cara super inspirador. Neste momento, em que está tendo um papel importante para o que estamos vivendo, é muito gratificante ver esse trabalho", afirma.
Nas falas de Antonio, vai surgindo a face do pai que é muito mais do que um médico na linha de frente da Covid-19, mas um companheiro carinhoso, inteligente, legal e "super de boa". Ele guarda nas memórias os momentos compartilhados quando Tanta fez doutorado em Boston, nos Estados Unidos. A mãe e o irmão precisaram voltar antes e eles ficaram por lá.
"Foi bem bacana para nossa relação. Como não estávamos em meio a uma pandemia, andávamos em parques, íamos ao cinema. Foi muito importante", lembra, destacando o fortalecimento da ligação entre eles. "Eu sinto uma admiração muito grande pelo meu pai, e não apenas como profissional. Ele é super inteligente, aborda assuntos que eu não conseguia abordar até um dia desses, me ensina bastante coisa", descreve.
O Tanta, relata a esposa, sempre gostou de apresentar o mundo para as crianças. Na relação com o Álvaro, cultivou seu amor pela praia e fez daqueles momentos um elo. Com Antonio, sempre teve a bola nas mãos para mediar por meio do esporte, como futebol e basquete. Juntos, foram visitar o Estádio do Pacaembu, em São Paulo.
A crise sanitária roubou algumas horas da convivência, mas os pequenos foram aprendendo com a dedicação do pai e transformaram as faltas em admiração.