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O caminho do delivery: do pedido à entrega do alimento ao cliente
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O caminho do delivery: do pedido à entrega do alimento ao cliente

A previsão é que o mercado de entrega de alimentos fature R$ 19,5 bilhões neste ano, segundo a Abrasel. No Ceará, mais da metade dos estabelecimentos ligados ao setor já aderiu ao modelo
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Empresas cearenses de alimentação fora do lar utilizaram o delivery para manter as portas abertas durante a pandemia (Foto: Fabio Lima)
Foto: Fabio Lima Empresas cearenses de alimentação fora do lar utilizaram o delivery para manter as portas abertas durante a pandemia

Cerca de 60% das empresas cearenses de alimentação fora do lar utilizaram o delivery para manter as portas abertas durante a pandemia, de acordo com a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-CE). Ao todo, foram 12,5 mil dos 20 mil estabelecimentos ativos na base da entidade no Ceará.

O serviço foi uma solução indispensável para este e diversos segmentos no contexto de isolamento social, mas estava em ascensão bem antes da crise causada pela Covid-19, com a entrada de plataformas como iFood, em 2011, depois Uber Eats e Rappi, entre outros. 

Para 2020, a previsão já era que o mercado de delivery e o chamado "to go" (pegue-leve, takeaway, drive thru - que é a retirada da refeição na loja para consumir em outro local) registrasse faturamento de R$ 18 bilhões no Brasil. Com a mudança de cenário, a nova estimativa é faturar R$ 19,5 bilhões, segundo a Abrasel. 

Mas, muito além de atender a uma necessidade imposta pela quarentena, os negócios que adotaram a modalidade precisarão, cada vez mais, encontrar mecanismos para transferir a experiência e credibilidade do espaço físico para a casa do consumidor.

A procedência dos alimentos consumidos e responsabilidade socioambiental, que já eram uma tendência global, também foram intensificadas. A economista e analista de finanças corporativas da Arêa Leão Consultoria Empresarial, Thaís Schmitz Cattani, explica que, nos últimos cinco meses, o mercado de entregas alcançou o público que ainda era resistente, incluindo estabelecimentos e clientes.

Mudança no hábito de consumo

O que ampliou as opções de lojas e modificou a maneira de consumir. No entanto, boa parte dos que passaram a usar ainda optam pela empresa nas quais já conhecem os procedimentos para reduzir os riscos à saúde.  "Um problema na base dos aplicativos de delivery é que o preço é o fator de maior atração. Se a pessoa não entra com o direcionamento do que já conhece e quer, escolhe a partir de promoções", avalia.

"Nas plataformas, a segurança alimentar fica um pouco mascarada. As avaliações dos usuários são em relação aos gostos particulares e à qualidade de entrega, mas não se considera o que está por trás desse processo, como uma segurança sanitária alimentar e um produto diferenciado com a preocupação da origem", reforça.

Thaís acrescenta a necessidade que as empresas têm de investir mais na logística, mas, em paralelo, encontrar mecanismos para apresentar as ações no que diz respeito à biossegurança, buscando mais canais de diálogo e formas de comunicar isso ao público. Apesar de reduzir a margem de ganhos, as marcas deverão se adequar e incorporar a plataforma como última etapa para concretização da venda e imprescindível para o consumidor contemporâneo.

Necessidade de mais investimentos

O economista e sócio da Aveiro Consultoria, Marcus Oliveira, reitera que as empresas vão precisar de mais investimento para a ferramenta. "Exigirá, também, um trabalho de marketing para que elas sejam vistas e lembradas. Os negócios terão de priorizar a qualidade dos pratos, a atenção nos aspectos de higiene têm de ser redobrada, além de padronizar os processos de entrega", diz. "O crescimento do delivery vai se manter mesmo depois da pandemia. As pessoas mudaram o perfil de consumo", observa.

O diretor executivo da Abrasel no Ceará, Taiene Righetto, pondera que o faturamento médio tem sido de 20% em relação ao período que antecedeu a crise. "Ou seja, o delivery, que, certamente, vai continuar sendo usado, não veio para salvar o setor, mas apenas para manter de certa forma as portas abertas, como um suporte básico", afirma.

Na rota do delivery

info reportagem 23.08
info reportagem 23.08 (Foto: Letícia Bernardo)

 

Como aderir de vez ao delivery

A Abrasel criou uma rede social profissional voltada para o setor de alimentação fora do lar – tanto para quem empreende quanto para quem trabalha. Lá, usuários do Brasil todo se conectam, acessam cursos, cartilhas e webinars com foco na retomada. Conseguem postar dúvidas e receber retorno de especialistas em cada área. Tudo gratuitamente. E tem uma comunidade na Rede Abrasel que é específica pra discutir dúvidas e melhores práticas no delivery. O endereço é: www.redeabrasel.com.br

FORTALEZA, CE, BRASIL, 19.08.2020: Dom sobre Delivery para mostrar a rota do alimento. Acompanhar o processo na cozinha, embalagens e entrega. Hard Rock Café Shopping Rio Mar.  (Fotos: Fabio Lima/O POVO)
FORTALEZA, CE, BRASIL, 19.08.2020: Dom sobre Delivery para mostrar a rota do alimento. Acompanhar o processo na cozinha, embalagens e entrega. Hard Rock Café Shopping Rio Mar. (Fotos: Fabio Lima/O POVO)

Hard RocK

O Hard Rock Cafe Fortaleza foi a primeira unidade da rede no mundo a aderir ao delivery e serviu de exemplos para as demais da rede norte-americana de restaurantes. Para incorporar a modalidade, a empresa adequou o cardápio e desenvolveu promoções de até 50%. Focado na experiência, o Hard Rock investiu em embalagens e atendimento também pela plataforma própria, além dos aplicativos iFood e Rappi 


"Controle rígido"

"Nossa operação sempre teve um controle rígido, onde seguimos os protocolos internacionais da marca. Nesse novo momento do mundo, deixamos os processos ainda mais amarrados e nos adaptamos a novas possibilidades. Formato de produção otimizado, olhar mais macro, voltado para salão e para o delivery por canal próprio. Ajustamos a equipe de uma forma que possamos tomar decisões mais estratégicas na produção dos pratos”, explica Samuel Sicchierolli, presidente da VCI, empresa proprietária do Hard Rock Cafe Fortaleza.

FORTALEZA, CE, BRASIL, 19.08.2020: Dom sobre Delivery para mostrar a rota do alimento. Acompanhar o processo na cozinha, embalagens e entrega. Hard Rock Café Shopping Rio Mar.  (Fotos: Fabio Lima/O POVO)
FORTALEZA, CE, BRASIL, 19.08.2020: Dom sobre Delivery para mostrar a rota do alimento. Acompanhar o processo na cozinha, embalagens e entrega. Hard Rock Café Shopping Rio Mar. (Fotos: Fabio Lima/O POVO)

Personagem

A estudante e modelo Teresa Santos, 22, já era adepta ao delivery e intensificou o uso durante o isolamento social, mas opta somente por restaurantes que já frequentava. "Eu escolho os que eu consiga avaliar se seguem protocolos rígidos de higiene. Uma preocupação que já existia, mas agora é fundamental para a minha tomada de decisão", diz. 

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