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Artigo: Comportamentos suicidas de jovens – Por quê? Será possível evitar?
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Artigo: Comportamentos suicidas de jovens – Por quê? Será possível evitar?

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Tipo Notícia
Valéria Truchlaeff, psicóloga especialista em análise comportamental clínica (Foto: Acervo pessoal)
Foto: Acervo pessoal Valéria Truchlaeff, psicóloga especialista em análise comportamental clínica

Segundo a OMS o suicídio de jovens entre 15 e 29 anos tem aumentado, sendo a 2° causa de morte nesta faixa etária em 2012. O comportamento suicida é entendido como a tentativa de causar a própria morte, como solução para uma situação de sofrimento intenso e alívio imediato. Podendo ser devido a problemas psiquiátricos ou como forma de chamar atenção à sua dor.

Para entendermos as possíveis causas, precisamos levar em consideração a cultura e sociedade a qual o jovem está inserido, como foi seu desenvolvimento, a realidade que vivencia com a família e escola, e herança genética.

Vamos avaliar um jovem hipotético. Roy, 18 anos, filho único, mora com seus pais, advogados, pouco diálogo familiar, sem histórico de transtornos mentais graves na família. Classe média, estudou em um bom colégio. Roy pensou em atentar contra a própria vida. Por quê? Uma das possíveis causas de suicídio entre os jovens é o sentimento de incapacidade frente a expectativas e cobranças, sejam de familiares, amigos ou da comunidade em que vive.

Roy sempre foi cobrado por resultados, seus pais sempre deixaram claro o "investimento" na vida dele e a expectativa que continuasse na mesma profissão da família. Agora ele se encontrava diante de um vestibular e do sonho de ser biólogo. Em sua vida escolar sofreu bullying várias vezes e não possui amigos. Roy se sentia sozinho, triste, com sensação de inadequação e incapacidade. Para ele, sua vida não tinha mais solução...

Outras causas possíveis de suicídio entre jovens são adversidades familiares como separação dos pais ou perda de pessoas importantes, situações de violência física, sexual, negligência ou rejeição. Também transtornos psiquiátricos, problemas de interação social, mudanças constantes de domicílio, falta de suporte social, dentre outros.

Como evitar? Um dos pontos fundamentais é o desenvolvimento de vínculos familiares e sociais, que atuariam como agentes de cuidado e escuta. Os pais devem incentivar ao diálogo, de forma empática, onde se percebe e valida os sentimentos do filho, para que ele possa se sentir acolhido e valorizado.

Estar atentos a sinais de alerta como mudanças no comportamento: eles podem ficar isolados, irritados, hostis, reativos e com menor interesse por atividades que gostavam. Procurem conversar e entender o que está acontecendo.

Sobre o Roy? Ele foi diagnosticado com depressão e iniciou tratamento psiquiátrico e psicológico. Através da psicoterapia, aprendeu a expressar suas opiniões e desejos, melhorou sua autoestima e tem aprendido novas habilidades sociais.

Valéria Truchlaeff é psicóloga clínica

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