Primeiro foram os supermercados, agora, são as redes de farmácias que estão investindo em linhas próprias de produtos como estratégia para fortalecer a marca e o vínculo com o consumidor. No Ceará, o aquecimento desse mercado tem transbordado resultados também para a indústria local.

José Dias, presidente da Biomátika, fabricante de cosméticos, produtos de higiene e perfumes, no Eusébio, diz que, neste ano, a demanda por marcas próprias em farmácias cresceu mais de 600% em alguns itens, como álcool em gel. Pedidos por enxaguantes bucais também mais que dobraram, além de produtos como sabonetes antissépticos e outros produtos de higiene.

"A pandemia acelerou muito esta procura, tudo que a gente fabricava, vendia. Porque a marca própria é uma forma das empresas fidelizarem o cliente, fortalecendo a sua marca e oferecendo um produto de qualidade, diferenciado e com preço competitivo", observa.

A empresa que foi pioneira neste tipo de serviço no Nordeste, produzindo produtos para uma rede de farmácias em São Paulo, em 2007, hoje é responsável pela fabricação de mais de dez itens de marcas próprias de grandes redes do varejo farmacêutico, como a Pague Menos, associação de farmácias independentes com atuação nas regiões Sul, Sudeste e Centro-oeste, para a Farmácia do Trabalhador e para a empresa Sobrancelhas Design, que tem 750 lojas, inclusive, em outros países.

Hoje, 80% do faturamento da fábrica vêm da venda de itens para outras marcas. Porém, a empresa também começa a fortalecer a sua própria linha de produtos. "Fabricamos e registramos para nove países. Na pandemia, estabelecemos um foco muito forte em ampliar também a nossa própria linha Biomátika, com novos licenciamentos tanto de produtos, como de personagens", afirma Dias.

Mas, boa parte dessas novidades só deve chegar às prateleiras em 2021. Isso porque, hoje, o mercado também está enfrentando dificuldade de encontrar matéria-prima em quantidade suficiente para atender à demanda.

"Por conta da pandemia, indústrias do mundo inteiro estão com dificuldades de adquirir alguns insumos, como caixa de papelão e embalagens plásticas. Existe uma carência muito grande no mercado. Esperamos que isso se resolva o mais rápido possível", acrescenta.