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Dinheiro cada vez mais curto para a cesta básica
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Dinheiro cada vez mais curto para a cesta básica

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Em janeiro, o salário mínimo de R$ 1.100 terá poder de compra equivalente a 1,58 cestas, a menor quantidade desde 2015, segundo o Dieese (Foto: Aurélio Alves)
Foto: Aurélio Alves Em janeiro, o salário mínimo de R$ 1.100 terá poder de compra equivalente a 1,58 cestas, a menor quantidade desde 2015, segundo o Dieese

O custo médio da cesta básica nacional para este mês de janeiro é de R$ 696,71, segundo estimativa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Assim, o salário mínimo de R$ 1.100 terá poder de compra equivalente a 1,58 cestas, a menor quantidade desde 2015.

O aumento no custo dos alimentos, um dos itens que mais pressionaram o bolso do trabalhador brasileiro em 2020, pode ser percebido pelo comportamento da cesta básica, composta por 13 itens. O Dieese ainda não divulgou os dados de dezembro, mas, de janeiro a novembro, o preço desses produtos subiu acima de 20% em 13 das 17 capitais pesquisadas. A maior variação no período foi observada em Salvador (35,39%), enquanto a menor ficou em Belém (17,48%).

Em Fortaleza, cujo valor da cesta básica no mês de novembro fechou em R$ 539,33, o avanço foi de 24,37%, o quarto maior do Brasil durante o período, atrás de Salvador, Campo Grande (30,88%) e Aracaju (28,23%). Com o atual salário mínimo, o consumidor da capital cearense também não consegue comprar duas cestas por mês.

Diante dos preços elevados, o trabalhador tem colocado o pé no freio na hora de fazer a feira, levando para casa produtos mais caros em menor quantidade e substituindo os itens por mercadorias mais em conta.

Pechincha ainda maior na hora da feira

"A pechincha no momento na compra ficou ainda mais forte em 2020 e deve seguir nos primeiros meses de 2021, pois os valores de vários alimentos, como arroz, óleo de soja, feijão, carne, manteiga e batata-inglesa, estão elevados", diz Odálio Girão, analista de mercado das Centrais de Abastecimento do Ceará (Ceasa), observando que o peso no orçamento das famílias é maior no início de ano. "Tem IPVA, IPTU, material escolar para os alunos que vão retornar às aulas presenciais", lembra.

Com base na cesta mais cara de novembro, que foi a do Rio de Janeiro, o Dieese estima que o salário mínimo necessário deveria ser de R$ 5.289,53 no Brasil. O cálculo é feito levando em consideração uma família de quatro pessoas, com dois adultos e duas crianças. "É claro que aumentar o salário de R$ 1.100 para R$ 5.289,53, do dia para a noite, é impossível. Mas precisamos valorizá-lo, o que ficou perdido, até para ajudar a injetar ânimo na economia", defende o supervisor técnico do Dieese, Reginaldo Aguiar.

 

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