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Cientistas políticos creem que CPI da Covid repercuta em 2022, seja qual for o desfecho
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Cientistas políticos creem que CPI da Covid repercuta em 2022, seja qual for o desfecho

| Análise | Cada pesquisador ouvido por O POVO se atém a aspectos diferentes que envolvem a CPI, embora convirjam no entendimento de que repercussões eleitorais são quase que inevitáveis
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Presidente Jair Bolsonaro (Foto: /Agência Brasil)
Foto: /Agência Brasil Presidente Jair Bolsonaro

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) é um instrumento político que corre dentro de uma casa política. Portanto, as discussões ali, ainda que envolvam atores e conteúdos científicos, serão permeadas por confrontos políticos. E com grandes chances de isso se refletir nas disputas de 2022. Seja qual for a discussão e encaminhamentos da CPI, a comissão terá repercussão na imagem do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), seja positiva ou negativa.

A avaliação é de Gabriela Lotta, professora de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Doutora em Ciência Política, Lotta analisa que os efeitos também devem alcançar governadores. "Além disso, os congressistas também vão se posicionar na CPI pensando no calendário eleitoral e na sua imagem perante as bases", adiciona a docente.

Outro aspecto, acrescenta, é a possibilidade de que o componente eleitoral possa influenciar os rumos da rotina legislativa, os resultados da CPI "e desvirtuar seus princípios originais de avaliar as ações do Governo Federal na condução da pandemia." 

Pesquisador do Laboratório de Estudos sobre Política Eleição e Mídia (Lepem-UFC), Cleyton Monte avalia que independentemente do desfecho da apuração, ela já ganha peso e capacidade de arranhar imagens de governos pela ampla repercussão.

Razão pela qual Monte entende que, do ex-presidente Lula (PT) com o Escândalo do Mensalão (2005) a Bolsonaro com a Covid-19, "nenhum governo quer CPI".

"Por mais que dê em 'pizza', ela gera fatos. Claro que quem vai disputar a eleição vai debater esses fatos. A gente vai ter um depoimento televisionado, no outro dia isso pode ser tema para live do Ciro Gomes, para um debate do Lula, de discussão para o Mandetta", ele ilustra.

Para Monte, Eduardo Girão (Podemos-CE) pode se notabilizar na defesa do governo Bolsonaro, ao passo que Randolfe Rodrigues (Rede-AP), opositor, como "um orador muito forte".

Sobre Tasso Jereissati (PSDB), o professor universitário diz não ter certeza de que a CPI será mola propulsora, por exemplo, para que ele seja o representante do tucanato num projeto nacional. O cientista político projeta atuação pautada pelo equilíbrio, distante de grandes polêmicas.

"Eu acho que o Tasso não quer esse papel. Ele não tem perfil para isso, é muito respeitado no PSDB, já foi presidente do PSDB nacional. É respeitado tanto por tucanos históricos como por nomes mais recentes", ele comenta.

Também vinculada ao Lepem, Gabriella Lima Bezerra analisa que os atores políticos pensam em suas trajetórias como um "encadeamento de ações".

Isso significa, diz a professora da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), que até nas atividades mais comuns do Senado os posicionamentos levam em consideração as repercussões.

Em ponderação à própria constatação, a pesquisadora levanta que o Senado, apesar de renovado, tem políticos com mais bagagem, que consequentemente deverão ser cautelosos para não incorrerem em excessos. 

Para Bezerra, são válidas as negociações feitas dentro do que preceitua o Regimento Interno da Casa, sem a tentativa de conturbar ou interromper as sessões.

Não esticar excessivamente o tempo de depoimento de um ministro, ela exemplifica, é uma prática que pode estar presente nos acordos entre diferentes.

Os cálculos do governo também são repletos de delicadezas, segundo Bezerra. Se tentar compor com senadores ora críticos, como Renan Calheiros (MDB-AL) ou Eduardo Braga (MDB-PA), poderá produzir na opinião pública a sensação de que está fugindo dos esclarecimentos, avesso à transparência.  

"Será que isso vai ser bom? Será que a população não vai dizer 'opa, por que o governo não quer falar? Expor o seu ministro e, se ele for bem, treinar para dar boas respostas, pode ser algo positivo", considera.

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