Embora o Ceará tenha iniciado o retorno gradual das atividades econômicas na última segunda-feira, 12, o lockdown continua vigente em todo o Estado durante os fins de semana. Apesar da restrição, muitos estabelecimentos do comércio não essencial abriram as portas ontem, em Juazeiro do Norte, o maior município do interior cearense.
No principal ponto comercial da cidade, a Rua São Pedro, O POVO flagrou várias lojas atendendo clientes de forma presencial. Em uma delas, a proprietária se irritou ao ser questionada pela reportagem sobre o descumprimento do decreto estadual. "Eu vou abrir [a loja] é de domingo a domingo! Se achar ruim, mande o governador vir aqui fechar!", bradou a mulher, que não quis se identificar. Ela afirmou, ainda, que "paga seus impostos em dia" e que por isso tem direito de exercer seu trabalho "quando bem entender".
Parte das lojas do comércio não essencial também foi vista funcionando à meia porta e com rodízio de clientes. A estratégia, muito comum no interior do Estado em período de restrições, é uma forma de despistar a fiscalização das autoridades. Lojas de calçados, confecções e de artigos do lar são, geralmente, as que mais utilizam esse prática.
Mesmo com os estabelecimentos abertos ou entreabertos, a movimentação de clientes na rua foi tímida. Poucas pessoas circulavam pelas calçadas, uma cena quase impossível em dias normais. O trânsito, que costuma registrar vários pontos de engarrafamento ao longo da semana, fluiu com relativa tranquilidade.
Assim como a maioria dos lojistas, os ambulantes também não cumpriram as restrições. Os vendedores foram vistos comercializando produtos que iam desde máscaras faciais a aparelhos eletrônicos. Alguns vendiam alimentos, como o aposentado Francisco Vicente, 65. Sentado ao lado de uma loja de bijuteria, ele oferecia bananas, pitombas e macaúbas às pessoas que passavam pelo local. (Luciano Cesário)