Logo O POVO+
Dor e lágrimas marcam enterro de vítimas de ação policial no Jacarezinho
DOM

Dor e lágrimas marcam enterro de vítimas de ação policial no Jacarezinho

| Rio de Janeiro | Polícia Civil divulgou lista com os nomes das 28 pessoas mortas na operação
Edição Impressa
Tipo Notícia

Com lágrimas e orações, os parentes de algumas das 28 pessoas mortas há três dias durante uma sangrenta operação policial na favela do Jacarezinho, no Rio de Janeiro, começaram a enterrar seus entes queridos ontem, véspera do Dia das Mães.

"Quero justiça, peço justiça para todos, por todos, nós somos mães, eles são pais de família, então nós estamos sofrendo", declarou Edeluze Bezerra, de 67 anos, ao enterrar o filho Márcio Bezerra, que deixou três filhos e dois netos.

A ação policial na favela do Jacarezinho foi considerada a mais mortal da história do Rio por organizações de direitos humanos. Um policial, enterrado na sexta-feira, também morreu na ação.

Outras cinco pessoas foram sepultadas ontem em dois cemitérios do Rio em meio a cenas de dor. Hoje, outras 13 serão enterradas.

A sangrenta operação no Jacarezinho gerou protestos contra a polícia, uma onda de críticas de diversos setores da sociedade e um pedido da ONU para a abertura de uma investigação "independente" das denúncias de execuções sumárias pelas mãos de policiais.

A Polícia Civil, responsável pela operação, afirmou que todos os mortos eram "criminosos" e divulgou ontem os nomes das 27 pessoas que morreram, embora a Polícia não tenha apresentado ligações delas com crimes.

A corporação garante que a operação no Jacarezinho, considerado um bastião do grupo criminoso Comando Vermelho, buscou desmantelar uma quadrilha que recrutava crianças e adolescentes para o crime.

O ministro do STF, Edson Fachin, ordenou que o Ministério Público do Rio de Janeiro investigasse dois vídeos que circularam nas redes sociais em que policiais aparecem atirando indiscriminadamente.

O procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu ao governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, "que esclareça as circunstâncias da operação" diante do possível "descumprimento" da decisão do STF de suspender esse tipo de ação nas favelas durante a pandemia.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que venceu as eleições presidenciais de 2018 com um discurso severo contra a criminalidade, fez questão de defender a ação policial.

"O energúmeno poderia, além de citar os direitos dos bandidos, nos informar onde eles conseguiram porte de arma de fogo", atacou o presidente no Twitter, junto com um curto vídeo de um analista do canal CNN Brasil que comentava a operação policial. (AFP)

O que você achou desse conteúdo?