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O que fazer para fugir dos juros altos
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O que fazer para fugir dos juros altos

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O consumidor é um dos primeiros a sentir no bolso a alta da taxa básica de juros. A Selic é uma das principais referências usadas pelas instituições financeiras para definir suas taxas de juros no crédito. Ou seja, tomar um empréstimo, fazer um financiamento imobiliário, ou mesmo os juros do cartão e do cheque especial, tudo isso vai ficar mais caro. O que vai exigir um malabarismo maior das famílias e das empresas para que as dívidas não se tornem uma bola de neve.

O repasse dos juros também não acontece de forma imediata e nem na mesma proporção para todos os produtos de crédito e bancos. Mas, infelizmente, na prática, quando a Selic sobe, os juros dos bancos costumam subir em patamares bem maiores. Para se ter uma ideia, em abril, quando a Selic estava em 2,75%, os juros médios bancários eram de 20,28% ao ano, segundo último dado disponível pelo Banco Central. E os juros do cheque especial eram, em média, de 124,51% ao ano.

Mauro Calil, fundador da Academia do Dinheiro, explica que a elevação da Selic não vai impactar as operações já contratadas, somente as novas. "O que já foi contratado de empréstimo antes, não muda, embora ainda tenha correção monetária, o que impacta muito porque a inflação está alta. Mas esse aumento dos juros vai chegar, na hora de fazer um novo empréstimo, um financiamento imobiliário. Quem faz uso do cheque especial ou do rotativo do cartão, que já estão com juros altíssimos, podem sentir até mais rápido porque as taxas podem ser atualizadas."

O que é nocivo, principalmente, para quem já está endividado. No Brasil, já são mais de 62 milhões de brasileiros com nome sujo, segundo dados da Serasa Experian. Por isso, neste ambiente, é fundamental tentar eliminar as dívidas, recomenda Calil. "E aí não existe mágica, é fazer mesmo uma dieta financeira, tentando reduzir gastos, fazer uma renda extra, para fazer as despesas caberem de novo no orçamento."

Ele recomenda também tentar renegociar as dívidas junto ao credor. "E sempre que possível pagar a fatura toda do cartão de crédito."

Vale também tentar trocar dívidas mais caras por outras mais baratas. Levantamento feito pelo O POVO, com base nos dados do Banco Central, mostram, por exemplo, que o rotativo do cartão de crédito, além de ser a modalidade mais cara do mercado, com juros que podem chegar a 335,25% ao ano, foi um dos que teve maior variação em um ano, de 6,39%. Enquanto que o empréstimo consignado para quem é do setor privado, em abril, estava com juros médios de 28,78% ao ano, uma taxa 1,7% mais barata do que em abril de 2020.

O economista Ricardo Eleutério explica que essas diferenças ocorrem porque na hora de definir os juros, os bancos também levam em conta, dentre outros fatores, o risco de inadimplência, custos administrativos e a margem de lucro. "No Brasil também temos muita concentração bancária, são cinco, seis bancos que acabam ditando as regras de mercado."

Por isso, ele também recomenda na hora de avaliar uma portabilidade de dívidas ou mesmo de fazer um novo financiamento, pesquisar bastante, comparar taxas, olhando também para outras instituições financeiras, como cooperativas de crédito e fintechs. "Elas costumam oferecer juros menores que os grandes bancos, até porque não têm a mesma estrutura física. E essa ampliação do mercado também têm contribuído para forçar uma maior concorrência em produtos, juros e serviços."

 

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