Milhares de pessoas tomaram as ruas de várias capitais brasileiras no dia de ontem para protestar contra o presidente Jair Bolsonaro por sua gestão da pandemia, que já deixou mais de meio milhão de mortos no País. Em mais de 20 capitais houve protestos, entre elas Rio de Janeiro, Brasília, Recife e São Paulo, onde, apesar do frio, uma multidão encheu pelo menos 10 quarteirões da Avenida Paulista.
A maior parte dos manifestantes usava máscara e tentava atender às recomendações para manter o distanciamento. Uma barraca foi montada na Avenida Paulista para doação de máscaras e distribuição de cartilhas informativas com recomendações para mitigar o risco de transmissão do coronavírus. O protesto ganhou adesão de novos grupos em relação ao último ato, como o PT e a Central Única de Trabalhadores (CUT), que passaram a atuar de maneira explícita na mobilização.
Mais cedo, no Rio de Janeiro, milhares de pessoas se reuniram no centro da cidade para repudiar a atuação de Bolsonaro. "A postura dele com relação à Covid e ao negacionismo é absurda. Ele já fugiu da realidade, do bom senso, não tem mais explicação. E tão surreal", comentou o fotógrafo Robert Almeida, 50.
O protesto também aconteceu em Brasília, onde os manifestantes ocuparam o gramado central da Esplanada dos Ministérios. Com o Congresso isolado pelo policiamento, os manifestantes organizaram uma caminhada pela Esplanada até se posicionarem diante de um carro de som, estacionado no local mais próximo possível do Parlamento, que funcionava como uma espécie de palanque improvisado para os discursos.
Em Salvador, a militância tomou o centro da cidade durante o protesto. Os manifestantes voltaram a chamar o presidente de genocida e cobraram "vacina, comida e emprego". A manifestação na capital baiana foi acompanhada pela PM e ocorreu de forma pacífica.
Os atos foram convocados pelas frentes Brasil Popular e Povo sem Medo, formadas por dezenas de organizações sociais e sindicais, apoiadas por partidos e líderes políticos, entre eles o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010), que não participou da manifestação. Lula lamentou no Twitter o número de óbitos pela Covid. "Quinhentos mil mortos por uma doença que já tem vacina, em um país que já foi referência mundial em vacinação. Isso tem nome e é genocídio. "O Brasil é o segundo país no ranking de mortalidade da pandemia.