Encurtar os elos da cadeia para fazer com que o produto chegue mais fresco, com maior qualidade e informação à mesa do consumidor, mas gerando também uma renda mais justa e constante ao produtor. Esta é a proposta da startup Muda Meu Mundo, que conecta pequenos produtores orgânicos a varejistas interessados em melhorar a Governança Ambiental, Social e Corporativa (ESG). A parceria tem dado bons frutos: além de aumentar em 110% a renda média dos pequenos agricultores, a agtech cearense - que cresceu 433% em 2020 e projeta alta similar para este ano - começou a negociar parcerias com supermercados de São Paulo.
Já são mais de 150 pequenos agricultores cadastrados na plataforma. Além de 26 supermercados médio e grande porte que absorvem essa produção. Em Fortaleza, dentre as redes que já comercializam o produto está o Grupo Pão de Açúcar, que recebe cerca de 30 tipos de itens produzidos sem uso de agrotóxicos, entre frutas, verduras e legumes, três vezes por semana. E em cada produto há também uma etiqueta com um QR Code que identifica ao consumidor toda a história e o caminho do alimento até chegar ao consumidor.
A fundadora e CEO da startup, Priscilla Veras, pedagoga e cientista política por formação, conta que trazer maior equilíbrio à cadeia de orgânicos sempre permeou o propósito da Muda Meu Mundo. Quando a empresa surgiu, em 2017, o trabalho era feito por meio de feiras itinerantes, onde os agricultores vendiam diretamente ao consumidor. Mas, apesar de conseguir elevar os ganhos do produtor ao eliminar os atravessadores, a estratégia ainda esbarrava na constância das vendas, já que nem sempre tudo o que era produzido conseguia ser escoado naquele mesmo dia.
Foi então que decidiu, em 2019, mudar o modelo de negócio: criou uma plataforma inteligente que pudesse não apenas conectar esse agricultor ao varejo supermercadista, com maior capacidade de absorver a produção, mas também otimizar a logística, ajudar na capacitação e dar suporte no planejamento e gestão daquela unidade produtiva. Todas essas informações também se traduzem em dados que embasam os relatórios ESG entregues aos clientes varejistas a cada trimestre.
"A gente está promovendo disrupção em uma cadeia produtiva que é extensa para que seja bom para todo mundo: para quem produz, para quem revende, para quem consome. Contribuindo também para reduzir o desperdício de alimentos."
Outro diferencial é que entre a casa do agricultor até chegar ao supermercado mais próximo, a operação é de menos de 12 horas. O que garante produtos mais frescos nas gôndolas. Há ainda suporte para emissão de notas e adiantamento de recebíveis. "Isso é importante para que o pequeno produtor nunca fique sem renda."
Hoje todos os produtores são certificados, mas Priscilla diz que o próximo passo da startup é se tornar uma certificadora, abrindo a plataforma para quem ainda pretende migrar para produção orgânica.