Embora a rapidez com que a tecnologia vem ganhando espaço na vida das pessoas e nos modelos de negócios das empresas agropecuárias seja inegável, o Brasil - e o Ceará mais ainda - tem muito o que avançar. Principalmente, quando se trata de tornar o uso dessa tecnologia mais acessível.
Esse é, por exemplo, outro aspecto apresentado pela pesquisa Agricultura Digital no Brasil. Para 77% dos cearenses entrevistados, o valor do investimento para aquisição de máquinas, equipamentos e aplicativos é hoje o principal impeditivo.
Na avaliação do supervisor de prospecção tecnológica da Embrapa Agroindústria Tropical, Genésio Vasconcelos, esses são pontos que requerem máxima atenção. Até porque, dada as restrições climáticas e ambientais do Ceará, o relevo, que possui condições muito específicas, é preciso cada vez mais trabalhar com técnicas e mecanismos que acrescentem o máximo de valor possível na produção.
"Eu não vou competir em escala, vou competir com valor agregado, e daí a importância da digitalização do campo. Não dá para ficar refém de uma agricultura, por exemplo, que não controla seus insumos."
Por outro lado, o Estado conta a seu favor o fato de ser conhecido por ter pessoas criativas, dispor de centros de referência em pesquisa e estar avançando consideravelmente na infraestrutura de banda larga por meio de programas como Cinturão Digital, por exemplo.
Quando essas pontas se unem, o resultado vem. Ele cita, por exemplo, a boa experiência obtida no Estado com o uso de NIR (Near-Infrared Spectroscopy, na sigla em inglês) na cajucultura do Estado. Com a técnica desenvolvida pela Embrapa é possível, por meio de um pequeno aparelho que emite raios infravermelhos, analisar informações mais específicas da fruta - como doçura, acidez ou se possui doenças que a tornam imprópria para o consumo - sem precisar destruí-la.
O secretário executivo de Agronegócio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Trabalho (Sedet), Sílvio Carlos Ribeiro, afirma que o Estado também vem trabalhando forte para transformar o agronegócio. Seja fomentando o cultivo protegido, com adoção de novas tecnologias para minimizar perdas por água, defensivos agrícolas e maximizar oportunidades, como também para incentivar novas culturas de maior valor agregado.
É o caso da pitaia no Vale do Jaguaribe e na serra da Ibiapaba; do mirtilo na Serra da Ibiapaba; o cacau no Vale do Jaguaribe; e o consórcio entre coco e banana no perímetro irrigado do baixo Acaraú. "São frutas que têm mostrado uma boa adaptação ao solo, consomem pouca água e alto valor agregado no mercado internacional".
Recentemente, o avocado também entrou no radar. "É um tipo de abacate mexicano muito usado para fazer guacamole. Enquanto um kg de abacate tradicional é de R$ 8 no supermercado, o do avocado chega a R$ 40".