O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) participou de motociata com apoiadores, em Santa Cruz do Capibaribe, no interior de Pernambuco, ontem, e discursou em tom de ameaça à democracia. Ele afirmou que se os poderes não agirem para enquadrar aqueles que, segundo alega, jogam fora das quatro linhas da Constituição "a tendência é de ocorrer uma ruptura (institucional)".
Bolsonaro disse que "não quer e nem deseja" essa ruptura, mas que "a responsabilidade cabe a cada poder", afirmou em discurso já na cidade de Caruaru, destino final da motociata em Pernambuco. Para Bolsonaro o STF "não pode agir diferente do poder Executivo ou do Legislativo".
Centenas de pessoas participaram do evento na manhã deste sábado, grande parte delas não utilizava máscara, inclusive o presidente, e as cenas de aglomeração foram constantes. No trajeto da motociata, Bolsonaro pilotou uma moto acompanhado do ministro do Turismo, Gilson Machado Neto na garupa e parou algumas vezes para cumprimentar apoiadores. O presidente publicou uma série de vídeos nas suas redes sociais onde discursa a apoiadores e divulga o trajeto da motociata.
O presidente aproveitou a passagem pelo Nordeste para, novamente, convocar apoiadores aos atos marcados para a próxima terça-feira, feriado de 7 de setembro. "Não se pode admitir que uma pessoa tire o direito da população. A nossa outra independência, agora no dia 7, todos ouvirão o clamor de vocês. Estaremos lá para mostrar a todos que não admitiremos mais, quem quer que seja, ignorar a nossa Constituição".
À tarde, Bolsonaro apareceu de surpresa na CPAC Brasil, conferência da direita realizada em Brasília, e repetiu o discurso crítico a ministros da Corte. Ao falar, ele ainda defendeu a participação de policiais militares nos atos do dia 7, o que tem sido vedado em alguns estados por desrespeitar regimento interno das corporações.
"Hoje você vê alguns governadores ameaçando expulsar policiais militares que porventura estejam de folga no dia 7 e compareçam para festejar o 7 de setembro, Se nós falarmos "eu não sou policial militar, não tenho nada a ver com isso", aguarde que a sua hora vai chegar", afirmou. (das agências)